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E 24 horas depois... Israel anula acordo com ONU sobre migrantes

epa06633055 (FILE) - Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu walks to a meeting with members of the Senate Foreign Relations Committee in the US Capitol in Washington, DC, USA, 06 March 2018 (re-issued 27 March 2018). Media reports on 27 March 2018 state that Netanyahu was taken to the Hadassah Ein Kerem Hospital in Jerusalem with high fever and coughs to undergo some medical tests following a recent illness. Netanyahu's personal doctor was cited as saying that the Prime Minister did not fully recovery from his illness two weeks ago and decided to have some tests done. EPA/JIM LO SCALZO Jim Lo Scalzo/EPA

O chefe de governo israelita já tinha suspendido a aplicação do acordo na segunda-feira à noite, apenas algumas horas depois de o ter anunciado.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou esta terça-feira a anulação do acordo com a ONU que previa a regularização de milhares de migrantes africanos em Israel e a reinstalação de um número semelhante em países ocidentais.

"Após ouvir numerosas críticas ao acordo, analisei as vantagens e os inconvenientes e decidi anular este acordo", afirmou Netanyahu, segundo um comunicado do seu gabinete.

O acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados previa a instalação em países ocidentais, nomeadamente o Canadá, a Alemanha e Itália, de mais de 16.000 migrantes africanos que se encontram em Israel. Em contrapartida, Israel daria o estatuto de residente temporário a um número semelhante.

Seria assim resolvida a situação de mais de 30 mil migrantes africanos em Israel - em particular eritreus e sudaneses - que não têm em curso um processo de pedido de asilo e que deveriam ser expulsos do país de acordo com um controverso plano governamental entretanto cancelado.

Quando anunciou na segunda-feira, na rede social Facebook, que tinha decidido suspender o acordo, Netanyahu afirmou ter prestado atenção às críticas de habitantes de Telavive, onde vive a maioria daqueles migrantes.

Mas o anúncio do acordo também provocou reações fortes junto da direita israelita.

A ministra da Justiça, Miri Regev, uma indefetível de Netanyahu, e o ministro da Educação, Naftali Bennett, pronunciaram-se contra o acolhimento de "clandestinos" em Israel.

A oposição, de esquerda, que tinha saudado o acordo, criticou o primeiro-ministro quando o suspendeu.

"Apesar das restrições jurídicas e de crescentes dificuldades, vamos continuar a trabalhar com determinação para fazer sair os clandestinos do país", adiantou hoje Netanyahu, de acordo com o comunicado do seu gabinete.

Segundo as autoridades israelitas, vivem atualmente em Israel 42.000 migrantes africanos. As mulheres e as crianças não estavam ameaçadas de expulsão pelo plano governamental inicial.

Os migrantes chegaram, na sua maioria, a Israel depois de 2007, infiltrando-se no país através do Sinai egípcio, e instalaram-se sobretudo nos bairros pobres de Telavive.