No centro do poder do Brasil, quinto maior país do mundo e oitava economia global, tudo é notícia. Até uma infestação de baratas.
O Palácio do Planalto foi abalado com a notícia da prisão temporária de dois mais íntimos amigos de Michel Temer na semana passada. José Yunes e o Coronel Lima são suspeitos de funcionarem como testas-de-ferro do Presidente da República, num caso de corrupção que envolve as empresas controladoras do Porto de Santos. Consta que nos corredores do palácio os colaboradores e colaboradoras de Temer circulam ora com cara de susto, ora com cara de nojo.
Mas pode não ser apenas por causa de mais um cerco da polícia - o terceiro em menos de um ano - ao Chefe de Estado e sim por outra notícia, discreta, que chegou aos jornais. Uma notícia dada por um repórter do jornal Folha de S. Paulo, literalmente, em cima do acontecimento.
Depois de uma barata subir do chão para as suas calças, apurou que uma infestação do inseto anda a deixar o Planalto em sobressalto. Pelo menos outras seis baratas assustaram uma funcionária da limpeza que salpicou inseticida numa instalação elétrica no piso térreo do edifício. Outras foram vistas a subir pelas fotografias oficiais dos antigos e do atual presidente.
Já tantas vezes ilustrado por cartoonistas, cineastas, humoristas e outros artistas com ratos, o símbolo nacional da corrupção, a surgirem de todos os cantos, desta vez o Planalto é atacado por baratas mas na vida real. A secretaria da presidência já disse, entretanto, que o problema está a ser resolvido - o das baratas, claro, porque o da polícia é mais complicado.
O correspondente da TSF no Brasil, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras no site da Rádio a crónica Acontece no Brasil.