António Leite Amaro (PSD) e João Almeida (CDS) comentaram a entrevista de Mário Centeno à TSF.
A entrevista de Mário Centeno à TSF esteve esta manhã em debate no Fórum TSF, com Manuel Acácio. António Leite Amaro (PSD) lembrou a história da vaca voadora de António Costa, enquanto João Almeida (CDS) considera que o país não está a aproveitar este período favorável para se aproximar dos concorrentes.
"Esta entrevista vem confirmar as escolhas do Governo no programa de estabilidade. O país nem devia sequer estar a discutir se dívida e défice devem ser reduzidos. Sim, devem, mas este programa de estabilidade procura chegar a um resultado por um caminho que para nós, no PSD, é errado, e o exemplo da carga fiscal é dos principais", começa por dizer à TSF António Leite Amaro. "Mas tem outra dimensão, da economia, que acaba por sustentar também o funcionamento do Estado e da vida dos portugueses, onde os resultados são francamente insuficientes. Os portugueses não podem estar satisfeitos quando, no melhor ano deste Governo, a economia portuguesa, entre as 28 da UE, tem 19 a crescer mais do que Portugal."
E continua, agarrando-se à famosa metáfora bovina: "O primeiro-ministro falava da vaca que voava e isto é como se fôssemos a vaca que vai no fundo da manada e está a ver todas as outras a passarem por ela. A economia portuguesa está a abrandar e é isto que o caminho do Governo nos traz. Isso acontece porque o Governo não faz reformas. Começou por se estrear a reverter reformas do Governo anterior e deixou de fazer. No caso das finanças públicas, sendo importante que o défice continue a ser reduzido, não se pode falar de folgas quando ainda se está a gastar mais do que aquilo que se recebe e tem um monte de dívidas que o país tem para pagar."
Amaro Leite diz que o Executivo contribuiu para o aumento da carga fiscal, "sobretudo através dos impostos indiretos". E remata: "Essa outra austeridade é feita com um aumento da carga fiscal e é inaceitável que tenhamos saído de um período de emergência e passamos para a normalidade e na normalidade passamos a pagar mais impostos. A maior parte dos rendimentos dos portugueses vai para financiar o Estado. Isso é errado. Se aumentou a despesa corrente, cortou na despesa de investimento. É por isso que vemos os serviços públicos a falhar como estão".
Já João Almeida, do CDS, coloca Portugal ao nível da Grécia e mostra-se preocupado com a oportunidade perdida na sequência da entrevista de Centeno. "É admitir que o país, para além da Grécia, que mais aumentou a carga fiscal nos últimos anos não vai diminui-la antes de ter um saldo orçamental positivo. O que quer dizer que, do ponto de vista da competitividade e da qualidade de vida das pessoas, há um retrocesso", sentencia.
E acrescenta: "Não estamos a aproveitar para nos aproximarmos dos nossos concorrentes, para os ultrapassarmos. Estamos a ficar satisfeitos de beneficiar de uma conjuntura geral que é positiva e nem sequer estamos a conseguir repercutir de forma significativa na vida dos portugueses. É uma oportunidade perdida."
João Almeida considera que o país "viveu um momento muito difícil durante a crise, que levou a que muitas vezes houvesse um confronto nas opções políticas difíceis entre setores público e privado". O deputado do CDS considera que o cenário era "mau", pois "criou tensões indesejáveis". O CDS, explica o deputado, pretende que a melhoria de condições de vidas dos portugueses seja feita de forma "generalizada". Como? "Através dos impostos."