Política

"Não há coincidências. Acordos entre PSD e Governo podem mudar xadrez político"

O candidato à presidência do Partido Social Democrata (PSD), Pedro Santana Lopes (E), à chegada para uma sessão eleitoral de esclarecimento com militantes num hotel em Cascais, 5 de janeiro de 2018. ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA António Pedro Santos/Lusa

Pedro Santana Lopes considera que os acordos estabelecidos entre o presidente do PSD, Rui Rio, e o Governo socialista podem mudar o xadrez político no país.

No Fórum TSF, o ex-candidato à liderança do PSD defende que há manifestos sinais de aproximação política entre PSD e PS, numa altura em que PCP e Bloco de Esquerda mostram reservas quanto ao Programa de Estabilidade defendido pelo Governo.

"Na vida não há coincidências, e na política também não", afirmou Santana Lopes, no Fórum TSF. "É manifesto que há algum mal-estar na frente de esquerda".

Apesar de considerar que "merece ser saudado sempre que os dois maiores partidos são capazes de se entender sobre matérias relevantes", Pedro Santana Lopes mostra reservas quanto à preservação da identidade do partido.

"Os portugueses gostam de acordos e de quem demonstra capacidade de os fazer. Não acho que isso faça mal ao partido", comentou Santana Lopes, que defende que esta aproximação ao PS é o cumprimento daquilo que Rui Rio anunciou durante a campanha para as presidenciais do partido. "Ele não enganou ninguém".

No entanto, defende Santana Lopes, os recentes acordos não devem excluir a apresentação do PSD como alternativa ao Governo socialista. O antigo presidente da câmara de Lisboa considera que é preciso trabalhar a visão do PSD como "alternativa ao atual Governo", caso contrário, os militantes e simpatizantes podem deixar de sentir-se identificados com o PSD.

"Passar de uma liderança fortemente contestatária do PS para uma liderança com uma paz relativa com o PS é um salto complexo", alegou.

Sobre o conteúdo do acordo que é assinado esta quarta-feira entre o PSD e o Governo, que prioriza a descentralização do poder, Santana Lopes diz que é importante saber se o entendimento envolve também as finanças locais. "É que descentralizar competências sem que isso seja acompanhado por um envelope financeiro não faz sentido".

Para o social-democrata é também necessário o envolvimento da Associação Nacional de Municípios e do dirigentes de cada partido nesta entidade, que devem pronunciar-se sobre o acordo alcançado antes da assinatura final do mesmo.