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"Espantoso". Embaixador da Coreia do Sul aplaude primeira visita de Kim Jong-un

Lisboa-08/05/2017- O embaixador sul-coreano Park Chul Min . (Paulo Spranger/Global Imagens) Paulo Spranger /Global Imagens

Pela primeira vez, o líder da Coreia do Norte marca presença numa cimeira na Coreia do Sul. Em entrevista à TSF, O embaixador da Coreia do Sul em Portugal diz-se otimista com sinais de abertura de Kim Jong-un.

O embaixador da Coreia do Sul em Portugal não consegue esconder o entusiasmo com a cimeira da próxima madrugada entre Kim Jong-un e Moon Jae-In. Chul Min Park confessa que nem vai dormir para poder acompanhar a cimeira em direto pela televisão.

Isto porque, pela primeira vez, o líder norte-coreano vai visitar a Coreia do Sul, "ao contrário das cimeiras anteriores, em 2000 e 2007, quando os presidentes foram a Pyongyang. Desta vez, é a Coreia do Sul que vai receber o líder norte-coreano em casa. Vai ser na zona desmilitarizada mas mesmo assim tem um significado muito especial. Se tudo correr bem acreditamos que se possam realizar cimeiras regulares de forma rotativa entre Pyongyang e Seul"

O representante da Coreia do Sul defende que o otimismo é justificado com os acontecimentos mais recentes como os sinais positivos enviados pelo Norte antes dos Jogos Olímpicos de Inverno. O embaixador garante que foi testemunha da rapidez e do ritmo da reconciliação entre a Coreia do Norte e do Sul, entre o Norte e os Estados Unidos e entre a Coreia do Norte e a comunidade internacional. "É espantoso", exclama.

O segundo sinal foi a visita de Mike Pompeo à Coreia do Norte. O secretário de estado designado dos Estados Unidos encontrou-se com Kim Jong Un e Seul sabe que o resultado da reunião foi muito positivo.

Chul Min Park realça que outro sinal foi a declaração feita pela Coreia do Norte de que iria encerrar o local onde eram realizados os ensaios nucleares e suspender todos os testes.

O embaixador da Coreia do Sul em Portugal admite que há três meses não era possível prever que esta cimeira se pudesse realizar, mas agora o ambiente não podia ser mais positivo. "A atmosfera é fantástica. Tudo está a caminhar de forma suave e eu espero otimista que o resultado seja um novo momento de abertura ao mundo, um novo capitulo de paz e prosperidade para a península coreana assim como de paz e segurança para todo o mundo."

O ambiente mudou, mas importante também é o facto de a cimeira Coreia do Norte - Estados Unidos estar prevista para daqui a cerca de um mês. Nos anteriores encontros não houve qualquer seguimento, mas desta vez está garantido que os assuntos serão de novo discutidos. O embaixador explica que, por exemplo, o acordo de paz não pode ser um assunto apenas entre as duas Coreias, terá de ser também implementado pelos Estados Unidos e pela China que participaram na guerra. Seria positivo também ver o envolvimento de todos os seis países (também a Rússia e o Japão) que colaboraram nas anteriores negociações de desnuclearização.

Chul Min Park confessa que depois da cimeira espera que o momento não se perca e talvez daqui a um ano seja possível ter uma península sem armas nucleares e sem armas químicas e biológicas. Este último tipo de armamento não tem sido falado, mas a Coreia do Sul acredita que a Coreia do Norte o tenha e espera que o país possa aderir à convenção de armas químicas.

O embaixador tem um sonho para a zona que hoje marca a fronteira entre os dois países: "a zona desmilitarizada é ironicamente uma área fortificada e altamente armada. Nos últimos 65 anos essa zona com quatro quilómetros que se estende de um lado ao outra da península nunca foi habitada. Nenhum ser humano estava autorizado a permanecer lá. Isso transformou a zona num santuário para a fauna e flora e por isso podia ser transformada numa reserva ecológica, num parque da paz que estivesse aberto a toda a gente."