Sociedade

Provas do incêndio de Pedrógão foram "apagadas ou destruídas"

Rui Oliveira/Global Imagens

Relatório da Autoridade Nacional da Proteção Civil ao incêndio de Pedrógão Grande aponta dificuldades em perceber que se passou em junho do ano passado.

Os auditores da Autoridade Nacional de Proteção Civil revelam que tiveram dificuldades em perceber o que se passou no combate ao fogo de Pedrógão Grande por "limitações na obtenção de elementos de prova".

O relatório, citado pelo jornal Público, indica que "não foi possível aceder a um único quadro de situação tática, a um único quadro de informação de célula ou a um plano estratégico de ação" - estes são documentos habitualmente produzidos no posto de comando de um incêndio.

No entanto, a auditoria revela que em Pedrógão "todos estes documentos haviam sido apagados dos quadros das viaturas de comando e comunicação ou destruídos os documentos em papel que os suportaram".

Sem informação sobre planos estratégicos, logística e planeamento pode ser mais difícil apurar responsabilidades disciplinares e criminais.

A direção de auditoria e fiscalização da Autoridade Nacional de Proteção Civil apurou que as primeiras três horas de combate ao fogo foram caóticas com uma "organização deficiente". Como exemplo, referem que o primeiro posto de comando do incêndio foi uma mesa com quatro cadeiras e um computador pessoal emprestado por um dos bombeiros, com o "Google Earth aberto".

Os auditores concluem que é preciso investimento no plano informático.

Este relatório da Proteção Civil está nas mãos do Governo há cerca de seis meses, mas o ministério da Administração Interna tem-no mantido em segredo.

Em novembro, a RTP tinha avançado algumas conclusões. Agora o jornal Público confirma que algumas provas do incêndio de Pedrógão foram apagadas ou destruídas.