Desporto

Bruno de Carvalho: agressões foram "involuntariamente" provocadas pelos jogadores

Bruno de Carvalho © Filipe Amorim/Global Imagens

Presidente do Sporting não vai ao Jamor para a final da Taça de Portugal. Em conferência de imprensa, acusou José Maria Ricciardi de ser o "estratega" da crise que atinge o clube e Jaime Marta Soares de estar a mentir.

O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, afirmou este sábado que não vai ao Jamor assistir à final da Taça de Portugal de futebol, com o Desportivos das Aves, por não estarem reunidas as condições necessárias.

"Não, não vou ao Jamor. Não acho que estejam criadas as condições para ir ao Jamor. Não mereço o que está a passar, não mereço, mas pelo Sporting, pela festa, não vou ao Jamor. Não vou com muita mágoa, pena e frustração", afirmou Bruno de Carvalho em conferência de imprensa, no Estádio José Alvalade, em Lisboa.

Numa conferência de imprensa que começou com mais de uma hora de atraso, Bruno de Carvalho começou por criticar a comunicação social dizendo que o que lê na imprensa "chegou a um ponto inaceitável" e considerou que está a ser alvo de "completo bullying e terrorismo".

"Já não é uma questão de processos a estas pessoas, já é um total desrespeito pelo sentido das regras mais basilares da democracia, um total desrespeito pelos princípios e direitos humanos. O que eu senti durante toda esta noite em que temos estado ao trabalhar. Estamos a ser alvo, eu e os meus colegas, de completo completo bullying e terrorismo. Só falta entrarem por aqui como aconteceu naquele ato hediondo na Academia e arrancarem-nos partes do corpo", disse.

O presidente leonino continuou lembrando quem disse que o apoiava e não o fez: "Neste momento, perante o ataque mais vil, pessoal, indigno que nos estão a fazer, não vejo onde é que estão as pessoas que sabiam da capacidade de manipulação da comunicação social e estão a deixar morrer o seu presidente".

Nesta sua longa intervenção, Bruno de Carvalho acusou o banqueiro José Maria Ricciardi de ser o "estratega" da atual crise que atinge o Sporting.

"É o estratega de tudo o que se está a passar. Com promessas de entrada de milhões, juntamente com o seu amigo Álvaro Sobrinho. De milhões, em cinco anos, só se viu o acerto de contas de 500 mil euros. Agora, dizem que têm milhões para o Sporting. Por que mudou a sua posição e a de tantos dos que se diziam nossos apoiantes? Porque é uma pessoa, um sobrevivente, daqueles que vai passando pelos pingos da chuva, nem que tenha de ter toda a família na cadeia. Continuava a achar que era dono do Sporting e, no dia em que lhe foi dito não à possibilidade de fazer um negócio, ganhando dinheiro com isso, entrou em 'loop' e começou a juntar as tropas", criticou.

O presidente demissionário da Mesa da Assembleia Geral (AG) também não escapou às criticas. Bruno de Carvalho acusou Marta Soares de "mentir descaradamente num programa de televisão", quando afirmou que o presidente leonino e Jorge Jesus apenas tinham trocado "parcas palavras" após os incidentes de terça-feira, na Academia, e que os jogadores se tinham recusado a falar com o líder do clube.

O presidente do Sporting revelou que Jaime Marta Soares, que apelidou de "dinossauro das autarquias", lhe propôs uma "cimeira secreta" com Luís Filipe Vieira.

"Quero falar dos porquês dos 'flic-flacs' de Jaime Marta Soares. Uns dias antes do apelidado caso de Madrid, veio-me propor uma cimeira secreta com o seu amigo Luís Filipe Vieira. Foi negada. A nossa relação passou a ser muito difícil", afirmou.

O Benfica reagiu de imediato, em comunicado, às declarações de Bruno de Carvalho, desmentindo, "de forma perentória, que alguma vez tenha sido solicitado pelo Presidente do SLB, Luís Filipe Vieira, qualquer tipo de cimeira ou encontro com o presidente do Sporting CP".

Por seu turno, Jaime Marta Soares, à agência Lusa, reagiu às acusações de Bruno de Carvalho, dizendo que os jornalistas "ouviram o mesmo que ele" na conferência de imprensa do presidente do Sporting, o que "não merece comentários neste momento".

Presidente diz que agressões foram "involuntariamente" provocadas pelos jogadores

Nestas declarações aos jornalistas, Bruno de Carvalho sugeriu que as agressões em Alcochete foram "involuntariamente" potenciadas pelos jogadores, quando dias antes fizeram "frente" a alguns membros das claques.

O presidente 'leonino' considerou que tudo começou após o encontro com o Marítimo, que o Sporting perdeu por 2-1, quando alguns jogadores confrontaram, tanto na Madeira como na garagem do estádio, alguns adeptos que protestavam pelo desaire sofrido na última jornada da I liga.

"Não estou a dizer que os jogadores merecem aquilo que aconteceu. Mas tudo começou aí. Não foi o presidente do Sporting", disse, frisando que não teve qualquer conhecimento do que iria acontecer na Academia de Alcochete.

"Sem o nosso conhecimento, foi dito aos jogadores que um antigo líder da Juve Leo iria falar com alguns, por causa dos nomes que lhe tinham chamado e por se terem virado contra ele. Nessa reunião, disse aos jogadores para me transmitirem de imediato qualquer indicio que houvesse de ameaça. Não perceberam a dimensão do que se estava a passar", contou.

O presidente do Sporting disse que não quer ouvir falar em rescisões a avançou que já explicou ao presidente do sindicato dos jogadores que não há razoes legais para os futebolistas rescindirem.

"Não estou a ver nem quero acreditar que possa haver uma tentativa de rescisão por um ato que involuntariamente saiu dos próprios jogadores, não de todos, mas saiu dos jogadores", afirmou Bruno de Carvalho.