Philip Roth é considerado um dos melhores escritores norte-americanos do século XX. Morreu esta terça-feira, aos 85 anos.
Os admiradores de Philip Roth falam de um estilo sensível em prosa, com uma gramática ambiciosa. Nos livros de Roth há famílias judaicas, ideais americanos, política e, acima de tudo, as imperfeições da vida humana.
Autor de mais de 30 romances, Roth escreveu muitas vezes sobre o desejo sexual masculino e a realidade das pulsões. Frequentemente inspirou-se na sua própria vida; usava alter egos, alguns deles que levavam o nome do escritor.
Nasceu em 1933, em Nova Jérsia, nos Estados Unidos, numa família judaica imigrante. Estudou literatura inglesa na Universidade de Chicago, altura em que começa a escrever contos.
Publica o primeiro livro em 1959. "Goodbye Columbus" é um conto satírico sobre a luta de um judeu de classe média para se integrar na sociedade norte-americana.
Chegou a ser acusado de antissemitismo, mas muitos elogiaram a inteligência e a vivacidade com que conseguiu retratar o seu mundo.
Consolidou a sua posição como romancista através da publicação de "O Complexo de Portnoy", obra que contava a história de um maníaco obcecado por sexo.
Eterno candidato ao Nobel, Roth arrecadou muitos outros prémios - dois National Book Awards, dois National Book Critics Circle, a medalha de Ouro da Ficção da Academia de Artes e Letras, o Prémio Pulitzer com "Pastoral Americana", o Internacional Man Booker e o Prémio Príncipe das Astúrias de Literatura.
Entre as obras mais reconhecidas, "O Complexo de Portnoy", "Humilhação", "A Conspiração Contra a América" ou "Casei com um Comunista".
Quando parou de escrever, antes de chegar aos 80, dedicou-se à leitura sobretudo de História. Foi a forma que encontrou para substituir a escrita.
Numa entrevista ao New York Times, em fevereiro deste ano, disse sorrir quando acordava: afinal tinha vivido mais um dia.
Philip Roth morreu esta terça-feira, em Manhattan, Nova Iorque. Tinha 85 anos.
Pedro Mexia lembra "o eterno Nobel preterido" e sublinha que com a morte do autor de "Animal Moribundo", a Academia fica com um problema resolvido. O poeta e crítico literário, elege da obra de Philip Roth dois livros que o marcaram particularmente - "A Pastoral Americana", "A Conspiração Contra a América" e "O Complexo de Portnoy".
O escritor Richard Zimler recorda a genialidade de Roth. Em declarações à TSF, destaca duas fases da obra do escritor norte-americano que influenciou várias gerações.
Para quem ainda não conhece a obra de Roth, Richard Zimler sugere "Casei com um Comunista" e "O Complexo de Portnoy".
Em Portugal, os livros de Philip Roth são editados pela D. Quixote. A editora Cecília Andrade lamenta a perda, mas salienta a obra "imensa e extraordinária". Cecília Andrade sublinha que a D. Quixote tem sempre à disposição dos leitores os livros do escritor norte-americano publicados cá. "Não nos permitimos ter livros esgotados de um autor deste calibre".
Philip Roth morreu esta noite, depois de uma vida de mais de 50 anos dedicados aos livros.