Mais de três décadas depois, a seleção peruana está de regresso ao maior palco do futebol de seleções.
Lembram-se do Mundial de 1982, em Espanha, o tal em que o Brasil apresentou uma seleção de sonho e em que Paolo Rossi partiu a loiça toda e levou a Itália ao título? Claro que se lembram, mas provavelmente aquilo de que não se recordam é que foi nesse Mundial que o Peru jogou pela última vez.
É natural, porque a seleção peruana não deixou saudades, saiu tão depressa como entrou, com dois empates e uma derrota, entrando no lote dos esquecidos.
Entretanto, já passaram 36 anos e os peruanos quase ainda não acreditam que estão de volta ao maior palco do futebol de seleções. Foram até à última barreira - quinto classificado na zona sul-americana e play-off com a Nova Zelândia - mas desta vez a coisa resultou. Obra de Ricardo Gareca, um selecionador que apostou num conjunto de jogadores muito jovem, mas ao qual impôs alguma disciplina e rigor tático.
Dificilmente alguém projetará algo de vulto na Rússia, mas também ninguém lhe vai exigir mais do que aquilo que pode fazer. De resto, o simples facto de estar lá constitui o grande triunfo de um país que, regra geral, é obrigado a um esforço suplementar para assegurar a qualificação.
Só para se ter uma ideia, para lá da tal aventura em 1982 - em que o apuramento até foi fácil e eficaz - o Peru esteve na estreia em 1930, por convite; no México, em 1970, onde atingiu brilhantemente os quartos-de-final com uma seleção que integrava o maestro Teófilo Cubillas; e, finalmente, em 1978, na Argentina, onde protagonizou um dos episódios mais estranhos da história, naquele jogo frente à seleção anfitriã, em que perdeu por 6-0, quando os argentinos precisavam de ganhar por quatro para eliminar os brasileiros.
Posto isto, aquilo que nos reserva o Perú desta vez é difícil de antecipar. Embora, compreensivelmente, o grau de exigência não seja elevado. Tudo o que for para lá de uma presença digna já é lucro.