Ambiente

Para garantir sobrevivência, calhandras-do-raso têm nova casa em Cabo Verde

SPEA/DR

Uma das espécies de aves mais ameaçadas do mundo tem agora uma nova oportunidade de sobrevivência na ilha de Santa Luzia, em Cabo Verde.

É uma das aves mais ameaçadas do mundo. Em 2004 já só existiam 50 calhandras-do-raso em todo o mundo, após vários anos de seca consecutiva. As aves são endémicas do ilhéu do Raso, em Cabo Verde, e viviam num espaço de 7 Km2, até há poucas semanas. Agora passam também a viver na ilha de Santa Luzia para onde foram transferidas.

"Mudamos algumas aves do raso para Santa Luzia e estamos agora a segui-las, esperando que na próxima época de reprodução elas comecem a estabelecer-se e a aumentar os seus números", explicou à TSF Pedro Geraldes, biólogo da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

O coordenador do projeto explica que, desde 2004, a população de calhandras-do-raso cresceu para cerca de 1500 aves mas sublinha que é importante "conseguirmos que elas fiquem nas duas ilhas, ficam muito mais resistentes a eventuais fenómenos de seca, diminuindo o risco de extinção da espécie".

As 37 aves transferidas para Santa Luzia estão a ser seguidas pela equipa de conservação da SPEA, em conjunto com a Biosfera 1 e com a Direção Nacional de Ambiente de Cabo Verde.

Pedro Geraldes garante que a transferência foi bem-sucedida e explica que estão "muito esperançosos que aumente as hipóteses de sobrevivência da espécie".

A espécie foi descoberta há pouco mais de 100 anos por um inglês que visitou o ilhéu Raso. De acordo com o biólogo, trata-se de "um pequeno passarinho castanho, desenxabido com umas malhinhas pequeninas, do tamanho de um pardal".

Pedro Geraldes explica as alterações climáticas sãos das principais ameaças desta espécie porque apesar da ave estar adaptada a ambientes secos e desérticos, "está extremamente dependente de chuvas porque quando existem as chuvas elas imediatamente iniciam a reprodução e é assim que elas aumentam de número".

A equipa espera que a transferência para a ilha de Santa Luzia "seja o futuro da conservação da espécie e que a partir de agora possamos contar com mais segurança que estes animais vão sobreviver para sempre", concluiu o biólogo.