Um recado de Marcelo para o Orçamento do Estado para o próximo ano? Carlos César e Luís Montenegro admitem que os partidos vão fazer por afirmar as suas diferenças nas próximas semana.
"Preferimos a paciência dos acordos mesmo se difíceis à volúpia das roturas."Foi desta forma que Marcelo Rebelo de Sousa definiu os portugueses nas comemorações do 10 de junho nos Açores, onde quis assinalar o Dia de Portugal.
Um recado para o Orçamento do Estado para o próximo ano? A poucos metros do Presidente, em Ponta Delgada, "não ocorreu" a Carlos César fazer essa leitura. Mas sim, é possível, admite. A formulação estava enquadrada num contexto internacional, mas "são frases úteis e adaptáveis" ao plano das relações humanas e "da política nacional, referenciada no Orçamento do Estado".
"Às vezes é preciso ter a coragem de fazer uma rutura", notou o socialista no programa da TSF "Almoços Grátis", esta semana ao telefone a partir dos Açores.
Sem "expectativas negativas", Carlos César diz-se "convencido de que não só teremos Orçamento do Estado aprovado como um bom Orçamento do Estado, realista."
Isto porque a proximidade eleitoral e a "tendência natural" dos partidos para a sua diferenciação podem levar a uma "retórica mais incisiva".
Na mesma linha, Luís Montenegro admite que a necessidade de os partidos se diferenciarem é maior.
"Não me espantaria que nas próximas semanas, até setembro, houvesse um agudizar das vozes que representam cada um dos partidos no sentido de quererem marcar mais o seu ponto e as suas propostas."
"Haverá espaço para elas surgirem de novo, para surgirem novos propósitos de cada um dos partidos".
Sobre o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, Montenegro admite que tenha sido "um recado", mas "não inovou" nem no estilo nem no conteúdo.
O Presidente da República "tem feito vários alertas a propósito da estabilidade política", mas sabe que o Orçamento do Estado vai ser aprovado. Este é "um teatro", diz, mais "em torno da afirmação política".
Com Anselmo Crespo e Nuno Domingues