Doze meses depois do incêndio que destruiu a Torre Grenfell, a TSF voltou ao local e falou com Miguel Alves que, juntamente com a família, sobreviveu à tragédia, mas continua numa casa temporária.
Faz hoje um ano que um incêndio numa torre de Londres matou 72 pessoas. No prédio viviam quatro famílias portuguesas que ficaram desalojadas.
A torre está agora completamente tapada. No topo do edifício, um coração verde ilustra uma mensagem de esperança. Em letras grandes, está escrito «Nunca Esqueceremos».
Miguel Alves viveu na torre durante 19 anos. Era lá que tinha as memórias da sua vida em Londres e em Portugal. À entrada para uma missa de homenagem às vítimas, Miguel confessa que o último ano tem sido uma autêntica corrida de obstáculos.
Na noite do incêndio, Miguel Alves tinha ido jantar fora com a mulher. Quando regressou, já o prédio ardia. Só teve tempo de subir até ao 13.º andar para ir buscar os filhos adolescentes, que ainda não se tinham apercebido do fogo. Doze meses depois, há perguntas que ainda o atormentam.
A família Alves está entre as centenas de pessoas que conseguiram escapar à morte mas, no dia-a-dia, o trauma persiste.
O incêndio deixou-os com a roupa que tinham no corpo. Valeu-lhes a solidariedade de amigos e dos britânicos em geral. Estiveram meses num hotel e só recentemente lhes foi atribuída uma casa, mas temporária.
Hoje, apenas 82 das 203 famílias afetadas estão numa casa permanente.
A comissão de inquérito ainda deu apenas os primeiros passos, no último mês, com a audição dos familiares das vítimas.
A investigação concluiu que o revestimento exterior do prédio terá sido o principal alimento do fogo, que começou num frigorífico num apartamento do 4.º andar do edifício.