O que está feito? O que falta fazer? Foi este o balanço que pedimos a Dina Duarte, um ano após o incêndio.
Dina é psicóloga de formação, fez parte da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande e vive em Nodeirinho, uma das aldeias mais afetadas pelo incêndio, onde morreram 11 pessoas.
Se não fosse a chuva, que se prolongou até junho, Dina Duarte acredita que este ano poderíamos ter um novo incêndio de grandes proporções. "O desordenamento, as madeiras por cortar ou cortadas continuam nos mesmos sítios. Poderíamos ter o mesmo tipo problema, mas creio que não haveria vítimas, porque aprendemos a ficar em casa, em vez de correr o risco de ir para as estradas", diz.
Para além disso, sublinha, quem ficou sem casa vive agora em melhores condições: "Tenho para mim que há casas hoje de melhor qualidade do que as que foram perdidas. São mais seguras, com mais condições".
Mas depois há coisas que, confessa, a deixam triste. "Não há niguém que nos oriente em termos de reflorestação, como é que deve ou não deve ser feita, continua a ser o achómetro", atira.
Falta aconselhamento para gerir a floresta e falta também outra coisa, garante: internet e telefone a funcionar melhor. "A MEO Altice é péssima, cada vez que reclamamos a resposta é 'vamos ver, sabe vocês estão no interior'. Creio que tem que haver também aqui uma diferenciação positiva para quem vive no interior".
No rol de queixas, há placas queimadas que não foram trocadas e locais na estrada que se mantêm com as marcas dos carros que arderam com os vizinhos, os amigos, os familiares lá dentro. "Estão lá as marcas, sabe-se que o carro do Mário se despistou ali, sabe-se que ele veio a pé até àquele ponto e que infelizmente foi ali que sucumbiu. Todos os dias vivemos com isso". Houve zonas da N236 que foram repavimentadas, mas nas outras estradas, as marcas continuam lá.