Sociedade

Os saborosos pitéus do Picadeiro figueirense

© Facebook/O-Picadeiro

Vizinho do mais antigo casino da Península Ibérica, um restaurante de ambiente familiar, mantém saborosa tradição de pitéus bem confecionados, exaltando as matérias-primas da região.

A Figueira da Foz, cujo estatuto de elevação a cidade já ultrapassou os 130 anos, é particularmente famosa pelo vasto areal da praia urbana mais larga da Europa.

A Torre do Relógio, uma referência da avenida marginal, tornou-se um ex-líbris da cidade onde está localizado o casino mais antigo da Península Ibérica, inaugurado em 1884.

Vizinho do Grande Casino Peninsular, numa rua paralela, que a toponímia dedicou ao Académico Zagalo, o restaurante O Picadeiro é uma casa conhecida pelos pratos tradicionais, elaborados à base de boa matéria-prima e apuro culinário.

A esplanada coberta aumenta a capacidade de um espaço interior não muito vasto, onde sobressai o balcão, do lado esquerdo. O que parece faltar em espaço, sobra em recordações da gente famosa do mundo do espetáculo que por ali foi passando ao longo dos anos e de noites de boémia. Há fotos a preto e branco, poemas, dedicatórias e cartazes que ilustram um passado que dá força ao presente, liderado por Fernando Grilo.

O ambiente é familiar, de grande convivialidade na sala onde se destaca um relógio de parede que marca o ritmo da chegada à mesa de mini-tostas saborosíssimas, com caviar de salmão, chamuças e outros salgados.

O pitéu que veio a seguir - lulinhas grelhadas - atingiu o superlativo. A arte xávega, infelizmente em risco de extinção, é a única técnica que permite a captura dos pequenos moluscos, que são, previamente, desidratados. Um pouco de piripíri confere um travo ligeiramente picante, que faz deste petisco sazonal uma entrada vigorosa e uma exaltação para o palato.

O nível elevado teve continuidade assegurada pelo arroz de garoupa: fumegante, o tacho chegou à mesa transportando no bojo as postas do peixe, cortadas a preceito e o arroz, caldoso, no ponto, a abrir-se como preceituam os cânones. Muito saboroso.

Na lista do dia, figuravam outras opções: arroz de safio, caldeirada de enguias, açorda de ovas, linguadinhos fritos e dourada escalada. Para grelhar: linguado, espadarte e lulas. Quanto a escolhas cárnicas: lombinhos grelhados com camarão; iscas à portuguesa e cabidela.

A ementa é, todavia, mais extensa e apresenta lulinhas à algarvia, carapaus assados, arroz ou massada de robalo com coentros, filetes de polvo e, no o domínio marisqueiro, arroz ou caril de gambas.

Nos pratos de carne figuram caril ou cabidela de galinha; morcela de arroz assada; costeletas ao alho e quatro variedades de bifes: picadeiro, regional, ao alho e pimenta.

Nas sobremesas, a doçaria regional é assegurada pelas brisas da Figueira e pelos travesseiros de Lavos; o requeijão com doce de abóbora surge como alternativa.

Boa garrafeira e um excelente vinho da casa: um tinto da Bairrada, elaborado com as castas baga e touriga nacional.

Serviço muito simpático neste restaurante com alma figueirense, comida caseira e boa relação preço/qualidade. Boas e saborosas razões para abancar no Picadeiro. Na Figueira da Foz.

Onde fica:
Localização: R. Académico Zagalo, 3080-012 Figueira da Foz
Telef.: 233 041 157