O Ministério da Saúde publicou a portaria que prevê a mobilidade dos médicos de outras regiões do país para prestarem cuidados de saúde no Algarve. São necessários 67 profissionais.
A julgar pelo que aconteceu em anos anteriores, estas candidaturas deverão ter pouca aceitação. Em 2016, o primeiro ano em que o Ministério da Saúde publicou a portaria, só sete médicos se disponibilizaram para trabalhar na região. No ano passado ainda foram menos, apenas quatro.
Alexandre Valentim Lourenço, presidente da secção regional do sul da Ordem dos Médicos, explica esta fraca adesão por vários motivos: a dificuldade em deixar os hospitais de origem, que também têm falta de recursos humanos no verão, e uma portaria publicada tardiamente.
Tudo deveria ter sido acautelado ainda durante o inverno, defende Alexandre Valentim Lourenço. "Na altura, deslocámo-nos ao Algarve e notamos carências nas especialidades".
As especialidades mais necessitadas de médicos são Anestesia, Medicina Interna, Ortopedia, Pediatria e Obstetrícia. Em alguns casos, o Centro Hospitalar e Universitário do Algarve pede dez profissionais para cada especialidade.
O responsável pela Ordem dos Médicos critica ainda a falta de clareza da portaria relativamente aos incentivos.
Mesmo no período de inverno, as carências do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve são muitas. Num documento interno a que a TSF teve acesso, que compara com os cinco primeiros meses deste e do último ano passado, verifica-se que houve menos 21% de cirurgias programadas - um decréscimo de 6% nas primeiras consultas e mais 6% de mortes no internamento.