Leva o equivalente a 100 euros, mas deixa bilhete educado. Como gentileza gera gentileza, dono do estabelecimento só chamou a polícia no dia seguinte.
Todos os dias há 1.574 assaltos no Brasil, mais ou menos o dobro da média mundial, já contabilizando as densidades populacionais de país para país, segundo dados do anuário da segurança. Ora, com tanto assalto é natural que haja assaltantes fora do comum.
Foi o caso de um que resolveu atacar uma agência da rede de farmácias Drogas Raia, no centro de Ribeirão Preto, interior de São Paulo.
Era sábado à noite e o assaltante tinha febre - a febre de sábado à noite, portanto. Foi à farmácia, pegou um medicamento e perguntou o preço à empregada. Arrependeu-se e disse que afinal ia gastar a meia dúzia de reais que tinha no bolso apenas em rebuçados para a tosse. Pensou melhor, entretanto, e mostrou-lhe uma faca, exigindo, não só o medicamento, como o conteúdo da caixa registadora - 408 reais, um pouco menos de 100 euros.
Pelo meio - eis a originalidade - pediu-lhe que entregasse um bilhete redigido à mão ao dono do estabelecimento. "Você é rico, não te vai fazer falta. Assinado: um amigo, obrigado e desculpa".
Como gentileza gera gentileza, o pedido do ladrão para que não chamassem a polícia nos próximos 20 minutos para ter tempo de escapar, foi atendido. As autoridades só foram avisadas do roubo no domingo seguinte.
O correspondente da TSF no Brasil, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras a crónica Acontece no Brasil.