Elementos essenciais à emergência da vida na Terra terão vindo do espaço, afirma uma equipa internacional de investigadores europeus e norte-americanos que analisou a estrutura de um meteorito caído na Austrália.
Os investigadores garantem ter provado que as bases azotadas dos meteoritos, presentes no ADN das células vivas, vieram certamente do espaço incrustadas em meteoritos que caíram na Terra.
A contribuição dos meteoritos no surgimento da vida na Terra, de há muito considerada uma possibilidade, torna-se agora muito mais provável.
Medindo os teores de isótopos de carbono em duas moléculas encontradas no meteorito de Murchison, caído na Austrália em 1969, os cientistas constataram que se trata de um tipo de carbono diferente do das rochas terrestres.
Esta descoberta conforta a teoria segundo a qual «as matérias-primas necessárias à vida que foram trazidas para a Terra primitiva», há 4,5 a 3,8 mil milhões de anos, «são de origem exógena», declarou à agência AFP Zita Martins, co-autora do artigo.
A investigadora acrescentou que «as condições atmosféricas na Terra primitiva não eram ideais para a síntese das bases azotadas» e daí a emergência de vida, que terá começado a surgir nessa época.
Na época em que o sistema solar estava ainda em curso de formação, há cerca de quatro mil milhões de anos, os planetas eram sujeitos a um bombardeamento incessante de meteoritos.
Para o seu colega Marco Sephton, a confirmação da origem extraterrestre destas moléculas nos meteoritos poderá ter implicar também vida noutros lugares para além da Terra.