Economia

Macron pede aos europeístas: "Não sejam tímidos"

EPA/JOSE SENA GOULAO

O Presidente francês está esta sexta-feira em Lisboa e num debate com cidadãos disse que as próximas eleições europeias são decisivas.

São 10 meses para recuperar os valores da Europa unida. Emmanuel Macron pede aos "verdadeiros europeus" que se envolvam nas eleições para o Parlamento de Estrasburgo.

As eleições europeias são em maio de 2019 e o Presidente francês não quer um crescimento dos grupos políticos contrários à união europeia.

Macron considera estas eleições "decisivas porque vai estruturar o Parlamento Europeu mas também as instituições europeias que serão reorganizadas na sequência destas eleições".

Na opinião do chefe de Estado de França, "nos próximos cinco anos joga-se o futuro da Europa e a grande divisão que se vai estabelecer (e já foi evidente com a crise politica das migrações) será um debate entre os extremistas, os nacionalistas, os que defendem a rutura da Europa com cumplicidade do "status quo" e os progressistas europeus, os reformistas que assumem os riscos de reformas por vezes difíceis nos seus países, como tentamos fazer nos nossos dois países (França e Portugal), mas que querem refundar a Europa para fazer face aos desafios contemporâneos e não perder o sonho da ideia inicial" da construção europeia.

Emmanuel Macron pensa que estes desafios contemporâneos da Europa já estão na agenda mas precisam de aprofundamento.

"O desafio é criar uma sociedade que faça face à transição energética e digital, é inventar uma sociedade que consiga responder às grandes ameaças contemporâneas, a do Terrorismo mas também o desafio das migrações", sustenta.

Por outro lado, Macron pede "uma sociedade que geopoliticamente defenda os nossos valores, o nosso modelo, face à China e aos Estados Unidos".

Mas esta agenda não pode ter lugar de forma isolada. "A escala nacional não é a boa, em todo o caso a resposta europeia é única que permite alcançar uma resposta credível".

Uma Europa mais forte, mais unida e mais solidária, embora o primeiro-ministro português, António Costa, diga que não compreende a postura de alguns países face às migrações.

"É altamente perturbador ver como é em alguns desses países que há 11 anos celebraram em grande festa a abertura das fronteiras são alguns dos que tomam agora a iniciativa de fechar as suas fronteiras", acusa António Costa.

Para o chefe de Governo de Portugal, "nós temos que ter uma abordagem integrada, desde a cooperação externa à fronteira comum mas também a solidariedade na repartição do esforço de assegurar a proteção internacional a quem dela precisa. E, aqui tem faltado algum pragmatismo. A quota que Portugal estabeleceu, sozinho, é o dobro da quota que cabe aos países de Visegrado" (Hungria, Eslováquia, Polónia e República Checa).

As migrações são assim um problema da Europa mas António Costa defende que a prioridade das prioridades deve ser a reforma da zona Euro.