As táticas usadas por grupos ligados à Rússia antes da eleição presidencial de 2016 nos EUA estarão a ser aplicadas na Grã-Bretanha, no Médio Oriente e na América Latina.
As suspeitas de intervenção russa nas eleições dos Estados Unidos da América são prova de que a manipulação de massas está, nos dias de hoje, à distância de um clique. E se, até agora, as suspeitas não batiam às portas da Europa - onde o número de contas no Facebook é superior ao dos EUA - o perigo pode já estar mesmo dentro de casa.
Entre o número incontável de publicações que todos os dias chegam ao Facebook houve uma imagem que levantou o alerta: um selo comemorativo falso que mostra uma pessoa a preparar-se para dar um tiro no próprio pé, como forma de criticar a saída do Reino Unido da União Europeia.
Apesar de esta parecer uma publicação como qualquer outra, o Facebook revelou, de acordo com o The New York Times, que a publicação terá origem num grupo apoiado pelo Irão, com o objetivo de atingir a Grã-Bretanha. Este será o primeiro exemplo conhecido de uma campanha de influência estrangeira dirigida a pessoas de fora dos Estados Unidos.
As táticas usadas por grupos ligados à Rússia antes da eleição presidencial de 2016 estarão a ser aplicadas na Grã-Bretanha, no Médio Oriente e na América Latina.
Nos últimos dois anos, a rede social reuniu esforços para bloquear a propaganda estrangeira nos Estados Unidos, mas a divulgação de centenas de contas e páginas falsas revelou que a manipulação estrangeira de eleições através do Facebook se estende por todo o mundo.
Este é um assunto particularmente sensível para o velho continente à medida que se aproximam as eleições europeias, que acontecem de 23 a 26 de Maio de 2019, e que vão definir o destino de Bruxelas para os próximos cinco anos.
Numa tentativa de contornar o problema, a Europa prepara-se para aprovar novas leis que permitam remover conteúdo terrorista e restringir a forma como os eleitores são atingidos por mensagens políticas online.
Vera Jourova, a comissária europeia que esteve envolvida na elaboração desta nova regulamentação, citada pelo The New York Times, afirmou que o Facebook pode ser utilizado efetivamente para manipular os eleitores e sublinhou que "é preciso fazer mais para proteger as nossas eleições e enfrentar os desafios online."
O Facebook anunciou esta terça-feira que removeu 652 contas, páginas e grupos falsos que continham publicações relacionadas com questões políticas como a imigração, o conflito entre Israel e a Palestina e o Brexit.