Mundo

Myanmar rejeita relatório da ONU que acusa militares de genocídio dos rohingya

epa06976153 (FILE) - Senior General Min Aung Hlaing (R) and Myanmar Foreign Minister and State Counselor Aung San Suu Kyi (L) at Naypyitaw International Airport in Naypyitaw, Myanmar, 06 May 2016 (reissued 27 August 2018). According to an independent United Nations (UN) investigation report issued on 27 August 2018 -- on main findings and recommendations into facts and circumstances of alleged human rights violations and abuses carried out by military and security forces against Rohingya Muslims in Myanmar -- the investigation panel has called for the country's military leaders to be investigated and prosecuted for 'war crimes, crimes against humanity and genocide.' The Mission (independent international fact-finding mission on Myanmar), which was established by the UN Human Rights Council (UNHRC) in March 2017, names Tatmadaw Commander-in-Chief, Senior-General Min Aung Hlaing and five other military leaders as part of a 'non-exhaustive list of alleged perpetrators of crimes under international law' suggesting priority to the subjects for investigation and prosecution. EPA/HEIN HTET *** Local Caption *** 52739958 EPA

"Um pai contou-me que o seu filho foi morto a tiro à sua frente." António Guterres defende responsabilização dos autores da perseguição aos rohingya, mas o governo da Birmânia rejeita as acusações.

O governo de Myanmar rejeitou o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) que pede à justiça internacional que investigue e julgue o chefe do exército birmanês e outros cinco oficiais superiores por "genocídio", "crimes contra a humanidade" e "crimes de guerra" contra a minoria rohingya.

Um porta-voz do governo da Birmânia fala em "falsas alegações", justificando que Myanmar não permitiu a entrada dos investigadores da ONU.

"A nossa posição é clara, quero dizer claramente que não aceitamos quaisquer resoluções conduzidas pelo conselho de Direitos Humanos", afirmou Zaw Htay, citado pela Reuters. A Birmânia, assegura, tem "tolerância zero para qualquer violação de direitos humanos."

Como a equipa de investigadores da ONU não teve acesso a Myanmar, na base do relatório estão centenas de entrevistas a expatriados rohingya e imagens de satélite.

A Missão estima que cerca de 10 mil pessoas tenham sido mortas. Há relatos de violação em grupo, destruição de várias aldeias, escravização e assassinatos de crianças.

O secretário-geral da ONU defendeu na terça-feira a responsabilização dos autores da "horrenda perseguição" dos muçulmanos rohingya em Myanmar, enquanto a Suécia e a Holanda pediram que os crimes sejam encaminhados para o Tribunal Penal Internacional.

António Guterres, que voltou a classificar a crise dos rohingya como uma "limpeza étnica" durante uma sessão do Conselho de Segurança da ONU, e manifestou-se também no Twitter sobre o caso.

"Não consigo esquecer as histórias que os refugiados rohingya me contaram. Um pai começou a chorar ao contou-me que o seu filho foi morto a tiro à sua frente. Nunca vamos desistir do nosso trabalho para aliviar o seu sofrimento e acabar com esta tragédia", pode ler-se.