Os portugueses estão a comprar cada vez menos preservativos, facto que preocupa as associações e os organismos que se dedicam à prevenção da Sida em Portugal, que é o país com a segunda taxa mais alta de incidência da doença na Europa.
Os portugueses estão a comprar menos dez mil embalagens de preservativos, em comparação com o que acontecia há quatro anos atrás, de acordo com informações avançadas pela agência Lusa.
Esta tendência preocupa as associações e os organismos que se dedicam à prevenção da Sida, que atribuem a diminuição à quase ausência de campanhas de sensibilização, e à sua ineficácia.
A presidente da Fundação Portuguesa contra a Sida garante, que «as campanhas não estão a funcionar» e que apesar da ideia comumeente aceite de que a Sida está a diminuir, a realidade é bem diferente.
«Diz-se que a Sida está a diminuir, mas todas as semanas chegam-nos novos casos de pessoas infectadas. Entre os heterossexuais, a doença está a subir em flecha, e de forma assustadora», afirmou Filomena Frazão.
Em declarações à agência Lusa, Filomena Frazão, o problema não reside apenas na falta de informação, mas no facto dos portugueses «continuarem muito relutantes em mudar os seus comportamentos de risco».
Acrescenta ainda que «tem de aumentar a distribuição gratuita de preservativos. Nas farmácias são extremamente caros, e numa altura de crise, os portugueses poupam em tudo».
No final de 2007, foram diagnosticados 32.491 casos de infecção em Portugal, mais 2.125 casos dos aqueles registados em Dezembro de 2006.
Alguns responsáveis pela luta contra a doença, alertam para o facto dos portugueses parecerem indiferentes aos riscos associados a relações sexuais desprotegidas, apesar da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida alertar para o facto da «evolução da epidemia ainda não estar estabilizada».
De acordo com dados da consultora IMS Health, a compra de preservativos não tem parado de diminuir desde o ano de 2004, em que se venderam 853.992 embalagens, mais 116.207 do que em 2007.
Em 2007, as vendas mensais não foram além das 61 mil embalagens, quando em média eram comercializadas mais de 71 mil caixas de preservativos por mês.
A mesma tendência decrescente foi confirmada no primeiro semestre de 2008, pois em média venderam-se 56 mil pacotes por mês, menos cinco mil do que em 2007.
Por sua vez, o presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, em declarações à agência Lusa diz não acreditar que tenha havido uma diminuição do número de relações sexuais que justifique a quebra na venda de preservativos, e considera que «as pessoas confiam demasiadamente e não têm comportamentos de acordo com a informação de que dispõem».
Já a presidente da Associação Abraço, Margarida Martins, culpa a fraca aposta na prevenção, sobretudo em campanhas direccionadas aos jovens heterossexuais, ao ponto dos mesmos «ainda acharem que a Sida se previne com a pílula».
Margarida Martins acrescenta ainda, em declarações à agência Lusa, que «quando devia aumentar o uso de preservativos, a sua utilização está a cair. As pessoas acham que a Sida estabilizou em Portugal, mas não sabem que o país tem a segunda pior taxa de incidência da Europa, a seguir à Ucrânia».
Segundo o último inquérito nacional de saúde, divulgado em 2007, metade das mulheres portuguesas confessou ter tido relações sexuais sem preservativo.
Foram também distribuídos gratuitamente cerca de 2,3 milhões de preservativos em Portugal.