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Hungria "não vai ser um país de migrantes." Fronteiras vão continuar fechadas

epa07012558 Hungarian Prime Minister Viktor Orban arrives in the plenary session at the European Parliament in Strasbourg, France, 11 September 2018. In the afternoon, the European Parliament is debating a report by Greens MP Judith Sargentini. Among other things, the government in Budapest should curtail the rights of minorities, dissenters and journalists, damage the independence of the judiciary and restrict religious freedom. EPA/PATRICK SEEGER EPA

Viktor Orbán diz que a Hungria está a ser alvo de "ameaças, chantagem e difamação."

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán diz que que a Hungria vai continuar a proteger as suas fronteiras e decidir com quem quer conviver.

Na sua intervenção inicial no debate sobre a situação do Estado de direito na Hungria, um dia antes de o Parlamento Europeu decidir se solicita ou não ao Conselho que inicie o procedimento previsto no artigo 7.º do Tratado da União Europeia (UE), Orbán diz que sabe qual vai ser o resultado da votação.

Num discurso inflamado, o primeiro-ministro húngaro anteviu que "a maioria [dos eurodeputados]" vai aprovar na quarta-feira o relatório da comissão parlamentar das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos do PE, que considera que existe um risco manifesto de violação grave, pela Hungria, dos valores europeus.

Viktor Orbán argumenta que o seu país vai ser condenado porque "os húngaros decidiram que não vão ser um país de migrantes".

"Com toda a firmeza, tenho de recusar as ameaças, a chantagem e a difamação feita por quem apoia a migração contra o povo húngaro. Tenho de destacar que qualquer que seja a vossa decisão, a Hungria vai proteger as suas fronteiras, parar a imigração ilegal e proteger os seus direitos".

"Nós vamos proteger as nossas fronteiras e decidir com quem queremos viver. Construímos uma 'vedação', parámos a imigração ilegal. Defendemos o nosso país, e a Europa. É a primeira vez na história da Europa que um país é condenado por ser o guarda das suas fronteiras", vincou.

Orban diz que o relatório da eurodeputada Judith Sargentini é um insulto à nação húngara, à liberdade e à democracia, uma violação dos tratados, e ultrapassa as competências da união europeia.

"Vocês não vão condenar um governo, vão condenar um país e uma Nação [...]. Defendo o meu país, porque, para os húngaros, liberdade, independência, democracia e a Europa são questões de honra. Este relatório insulta a Hungria e a honra da Nação húngara. As decisões do povo húngaro são tomadas através de votação. Vocês estão a sugerir que a Hungria não é suficientemente capaz de decidir o que é melhor para si", acusou.

No relatório que vai ser votado na quarta-feira, a comissão parlamentar das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos considera que existe um risco manifesto de violação grave, pela Hungria, dos valores europeus, e pede ao plenário que apresente uma proposta fundamentada ao Conselho da UE, onde estão representados os Estados-Membros, convidando-o a tomar as medidas previstas no artigo 7.º do Tratado.

É a primeira vez que o PE elabora e vota um relatório sobre a oportunidade de desencadear este procedimento. Para ser aprovado em plenário, o relatório necessita de uma maioria de dois terços dos votos expressos, que representem a maioria dos membros que compõem o Parlamento (ou seja, pelo menos 376).

O procedimento do artigo 7.º do Tratado da UE prevê, como sanção máxima, a suspensão dos direitos de voto do Estado-Membro em causa no Conselho.