João Fernandes defende, em entrevista à TSF, que a proibição do acesso a menores a uma parte da exposição das fotografias de Robert Mapplethorpe não faz sentido.
O antigo diretor do Museu de Serralves, João Fernandes, não comenta diretamente a demissão do atual diretor João Ribas, mas classifica de "puritanismo" a decisão da administração da fundação de proibir o acesso a menores a uma parte da exposição das fotografias de Robert Mapplethorpe, imagens com cariz sexual.
"Uma obra de arte não pode ser restringida no seu acesso para além da decisão individual de quem visita um museu ou de quem visita uma exposição. Se um museu interdita o acesso a uma obra de arte esse é um paradoxo com o facto de a apresentar. Eu acho que hoje, em relação a muitas obras de arte que assumem questões universais - como questões da sexualidade e da identidade sexual e mesmo em relação a questões clássicas da História da arte como a nudez - constata-se a existência de um puritanismo", defende em declarações à TSF.
João Fernandes - que é atualmente subdiretor do Museu Rainha Sofia em Madrid - admite que as imagens de cariaz sexual do fotografo norte-americano Robert Mappletorpe podem chocar algumas pessoas, mas considera que a proibição de acesso não faz sentido.
"Eu compreendo perfeitamente que haja um aconselhamento em relação à natureza das imagens que se apresentam na obra de uma artista. Essas imagens podem, eventualmente, chocar a sensibilidade de alguns espectadores e os visitantes devem ser advertidos dela. Agora acho que não podem ser impedidos de a ver."
O antigo diretor do museu recorda que um caso parecido aconteceu em Nova Iorque com uma exposição do controverso pintor Balthus.
Entretanto, a administração de Serralves reagiu, em comunicado, sublinhado que a exposição "não retirou nenhuma obra da exposição" e acrescentando que "desde o início, a proposta da exposição foi apresentar as obras de cariz sexual explícito numa zona com acesso restrito."
Pode ler-se ainda na nota que: "dado o teor de várias das obras expostas e sendo Serralves uma instituição visitada anualmente por quase um milhão de pessoas de todas as origens, idades e nacionalidades, incluindo milhares de crianças e centenas de escolas, a Fundação considerou que o público visitante deveria ser alertado para esse efeito, de acordo com a legislação em vigor."