Quem quer casar com o PS? No programa da TSF "Almoços Grátis", Carlos César e Luís Montenegro discutem eventuais uniões e afastamentos no futuro dos socialistas.
Pode "não dar para casar", mas Partido Socialista, Bloco de Esquerda e PCP vão continuar amigos. As palavras de António Costa são para Luís Montenegro presságio claro: o compromisso à esquerda é para manter, desenganem-se os sociais-democratas que queiram estreitar a relação com os socialistas.
"O nível de compromisso que atingimos foi este, dá para sermos amigos, não dá para casar. O futuro constrói-se a cada momento, mas, agora, o grau de divergência em matérias essenciais que existe entre todos os partidos é conhecido, é evidente", disse o primeiro-ministro este domingo em entrevista à TVI.
Enquanto para muitos esta declaração põe PCP e Bloco de Esquerda na friendzone, excluindo-os de integrarem um eventual Governo do PS nas próximas eleições legislativas, Luís Montenegro diz-se dissonante da opinião geral: se os socialistas "precisarem de alguém", esse alguém serão os partidos mais à esquerda.
"Se dentro do PSD há quem pense que uma aproximação ao PS poderá constituir, do ponto de vista eleitoral, uma forma de captar mais eleitorado, eu penso que a resposta está dada: O PS não está para aí virado", disse Luís Montenegro no programa da TSF "Almoços Grátis", esta quarta-feira ao telefone a partir do Porto.
O futuro da geringonça "anda não ficou totalmente claro", considera, contudo. "O primeiro-ministro dá uma no cravo e outra na ferradura".
" O país precisa de uma alternativa a esta colagem ao BE e PCP"; precisa de mais rendimentos, de um desagravamento fiscal para pessoas e empresas, nos impostos diretos e indiretos; precisa de um sistema público de saúde, educação e transportes "que dê resposta aos cidadãos", enumerou o social-democrata.
No entanto, as medidas anunciadas por Costa para o Orçamento do Estado dão conta de uma "gestão quase de mercearia: dá-se de um lado e tira-se do outro", critica. É um "ciclo vicioso no sistema económico do Governo" que não deixa antever um "futuro risonho".
Para Luís Montenegro, "o PS está empenhado naquilo que não tem há muito tempo, que é ganhar eleições".
Uma vitória "destacada"
Carlos César recusa que o PS esteja a preparar medidas eleitoralistas para o próximo Orçamento. O que está em cima da mesa, diz, está "em linha com a politica orçamental que tem vindo a ser seguida".
Quanto a vencer as legislativas, o objetivo é "não só vencer as eleições como fazê-lo de forma destacada".
Em resposta a Luís Montenegro, que afirma que "as balizas de intervenção do PS ficam sujeitas ao PCP e ao Bloco", Carlos César diz que se assim fosse "tinham sido tomadas opções diferentes" - "O PS não está no poder pelo poder."
E para ganhar as legislativas o PS depende apenas de si mesmo e do voto dos portugueses, nota o socialista. "Os eleitores decidirão ou não se querem reforçar a posição do Partido Socialista."
"O PS manterá o seu caminho, o PSD pedirá a mão à noiva que quiser".
Com Anselmo Crespo e Nuno Domingues