Desporto

Divulgado acordo assinado em 2010 entre Ronaldo e a alegada vítima de violação

Jorge Silva/Reuters

Documento assinado pelo jogador português e pela mulher que o acusa de violação foi divulgado na íntegra. Acordo previa silêncio da alegada vítima em troca de 375 mil dólares.

A revista alemã Der Spiegel, que tem investigado o caso da alegada violação de Cristiano Ronaldo a uma mulher norte-americana em 2009, divulgou o acordo de silêncio assinado entre o atleta português e a alegada vítima, Kathryn Mayorga.

Mayorga acusa Ronaldo de a ter violado, depois de se terem conhecido numa discoteca em Las Vegas, em junho de 2009.

O acordo, agora divulgado, data de 12 de janeiro de 2010, sete meses após os acontecimentos.

No documento, publicado na íntegra, Kathryn Mayorga é referida como "senhora P", enquanto Ronaldo é identificado como "senhor D". O contrato estabelece que o jogador de futebol português deve pagar 375 mil dólares (cerca de 324 mil euros) a Mayorga e, em troca, esta mantém o silêncio sobre o caso, não revelando a identidade do alegado agressor sexual.

"As partes e conselheiros concordam com (...) um acordo de não divulgação dos alegados eventos e eventos subsequentes, incluindo discussões com as autoridades e profissionais de saúde (e documentação que tenha resultado das mesmas)", lê-se no documento. "Não obstante este cláusula de não divulgação, a senhora P. tem permissão para divulgar os alegados eventos aos prestadores de cuidados dela desde que não divulgue a identidade do senhor D", acrescenta o texto.

Kathryn Mayorga deveria "retirar quaisquer acusações criminais" contra Ronaldo, e, em troca, receberia a quantia de "trezentos e setenta e cinco mil dólares americanos".

O documento abarca ainda questões relativas à saúde da alegada vítima de agressão sexual: "O senhor D concorda que no caso de o teste de doenças sexualmente transmissíveis da senhora P, até 14 de junho de 2010, der positivo e for notificado disso, deverá, em 30 dias, fornecer à senhora P um exame médico para DST obtido depois de 12 de janeiro de 2010".

Na altura, Kathryn Mayorga concordou em assinar o acordo, mas agora, passados mais de oito anos, resolveu quebrar o silêncio e entregar novas prova se informações às autoridades.

Mayorga alega que o acordo assinado com Ronaldo não é válido porque, na altura, estava psicologicamente debilitada, tendo também sido mal aconselhada pelo seu advogado da altura. A alegada vítima de Ronaldo insiste ainda que a carta que escreveu dirigida ao jogador português nunca lhe foi lida, como estava estabelecido no contrato.

"As partes acordam que a senhora P vai escrever uma carta para o senhor D (que não esteve presente em pessoa na mediação) que deverá, como condição para o acordo, ser lida ao mesmo pelo seu advogado português, o senhor Osório de Castro", indica o documento.

O novo advogado de Kathryn Mayorga, Leslie Stovall, afirma que o objetivo da mulher é "obter justiça e fazer Cristiano Ronaldo responder pelos seus atos".

Kathryn Mayorga pede uma indemnização no valor de 200 mil dólares (cerca de 173 mil euros) pelos danos que lhe foram causados.

A polícia de Las Vegas reabriu a investigação do caso em setembro.

Rita Carvalho Pereira