A 27 de Janeiro de 1756, nascia em Salzburgo, Johannes Chrisostumus Wolfang Theofilus Mozart. Era Wolfang Amadeus Mozart, o menino-prodígio, o genial compositor, um dos mais produtivos na história da música ocidental. No ano em que se comemoram 250 anos do seu nascimento, a TSF visita o universo do jovem génio através da sua música.
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Fórum TSF - Especial 250 anos de Mozart:
Com que coisa do mundo se parece a música de Mozart?! A melhor forma de celebrar Mozart será ouvir a música do compositor, seja aquela que já se conhece ou, sem vergonha e com alma limpa e aberta, ouvi-la pela primeira vez. Na véspera do aniversário de Mozart, a TSF fez uma sessão de discos pedidos conduzida pelo jornalista Paulo Alves Guerra: os ouvintes escolheramm a música e disseram o que significa para eles. (26-01-06)
Pequena Serenata Nocturna
No ano em que compôs Do Giovanni (1787), Mozart embalou também uma simples serenata em sol maior: dois violinos, uma violeta e um violoncelo sintonizado com contrabaixo ao longo de toda a peça. Para a posteridade ficou conhecida como Pequena Serenata Nocturna, tão adequado se mostrou o título aos concertos nocturnos vienenses.
Don Giovanni
«Excelente e divina, caro Mozart, só que é uma iguaria demasiado grande para os dentes dos vienenses!». Foi este o comentário do imperador D. José II, dito na estreia da ópera Don Giovanni em 1787. Resposta pronta do compositor: «Convém dar-lhes tempo para que a mastiguem!».
A filha das sinfonias de Bach
Cerca de dois séculos depois, Bobby McFerrin fez cantar o concerto nº20 em Ré Menor, com um prelúdio vocal que celebra uma peça concluída no dia 10 de Fevereiro de 1785, na véspera da sua estreia. Esta peça será filha das sinfonias de Johann Christian Bach, quase uma sinfonia dialogada....
Uma miniatura sacra
Miniatura sacra, uma peça maior de todos os tempos. Este motete foi uma prenda de Mozart para um amigo, um discreto mestre de coro da igreja paroquial de Baden. Uma escrita polifónica composta para a festa do Corpo de Deus, a 19 de Junho de 1791, seis meses antes da morte do compositor.
Mozart revisitado por Bobby McFerrin e Chick Corea
«Para ter êxito é preciso escrever coisas tão compreensíveis que um cocheiro as possa cantar ou então que sejam tão incompreensíveis que agradem exactamente porque nenhuma criatura razoável as pode compreender». Esta receita para o êxito, fixada por Mozart, é uma declaração que vale pela clareza de intenções. Discípulos longínquos, Chick Corea, ao piano, e Bobby McFerrin na improvisação vocal entregaram-se ao Adágio da 2ª Sonata para piano em Fá Maior, escrita em 1775. Música sem tempo para todos os tempos...
Os milagres segundo Amadeus Mozart
Viajou cedo o amado de Deus. Reinou na terra 35 anos, 10 meses e oito dias, pouco mais do que Cristo. Deixou pelo menos 626 milagres registados... o primeiro foi este Minuete em Sol, composto entre os 5 e 6 anos de idade, o último foi o «Requiem». Feitas as contas dá milagre e meio por mês. «Será milagre a mais para tanto milagre surdo?», perguntou alguém...
Sonata para piano nº11 e a subtileza da interpretação
As sonatas de Mozart são únicas, demasiado fáceis para as crianças, demasiado difíceis para os adultos... uma sentença definitiva do lendário pianista Arthur Schnabel. A Sonata para piano nª11 não será das mais exigentes para os artistas... e, no entanto, a subtileza da interpretação de qualquer grande artista transforma o último andamento numa peça verdadeiramente extraordinária, aqui transfigurada na gravação do pianista Andreas Steier.
O mais célebre dos concertos de Mozart para instrumentos de sopro
O mais célebre dos concertos de Mozart para instrumentos de sopro foi escrito para um amigo, Anton Stadler, um músico pioneiro na utilização de um clarinete especial dotado, ao tempo, de novas possibilidades técnicas. Composto em Outubro de 1791, entre «A Flauta Mágica», concluída em Maio, e o «Requiem» inacabado, este Concerto para Clarinete e Orquestra em Lá Maior foi a última obra instrumental que Mozart conseguiu acabar antes da sua morte.
Júpiter, a última sinfonia
«Júpiter»! A última sinfonia seduz pela complexa simplicidade desde o início. Este aleggro vivace é uma espécie de guia de marcha para uma galáxia de contrastes acentuados. Composta em Viena, em 1788, não terá sido tocada em vida do compositor. É uma sinfonia que revela uma surpreendente economia de meios instrumentais, aqui interpretada pela Academia Mozart de Amesterdão.
Aleluia
A 17 de Janeiro de 1773, à beira dos 18 anos, Mozart escreveu ao pai a partir de Milão: «estou aqui a acabar um motete para o primo Uomo estrear amanhã na igreja». Peça concebida para o célebre castrati Rauzzini, nunca saberemos ao certo como soou naquele 18 de Janeiro milanês. Sabe-se que este «Aleluia» se transformou numa das peças mais populares de Mozart que chegou a marcar presença num célebre casamento real inglês. Aqui, a divina Cecília Bartoli revive este «Exsultate, Jubilate».
Requiem
A lenda guia os passos da história do «Requiem» de Mozart. A obra terá sido encomendada por um homem silencioso, que trajava de cinzento, e se apresentou na casa do casal Mozart em representação de alguém anónimo. Na realidade, sabe-se hoje que era o Conde Franz Walsegg-Stupach que desejava celebrar missa à memória da sua defunta mulher e que a mandou tocar como se ele próprio a tivesse composto. Vítima de uma nunca esclarecida insuficiência renal, Mozart caiu à cama a 21 de Novembro de 1791 e não mais se levantou. Morreu a 5 de Dezembro de 1791 à uma da manhã. Duzentos anos depois, a 5 de Dezembro de 1991, o maestro Sir Georg Solti dirigiu este «Requiem» na Catedral de Santo Estêvão, em Viena, numa sessão única com vários cantores que, guiados pelos passos do maestro Nikolaus Harnoncourt, retiveram um mandamento primordial fixado por este maestro musicólogo: «O Requiem é a única obra de essência autobiográfica composta por Mozart. Dá-lhes, Senhor, o eterno repouso e para eles resplandeça a luz perpétua...»
A Flauta Mágica
«A vingança infernal ferve no meu coração... morte e desespero inflamam a rainha da noite. Se Sarastro não sentir dores mortais então não serás nunca mais minha filha... que sejas repudiada para sempre... que sejam destruídos para sempre todos os laços da Natureza se Sarastro não empalidecer pelas tuas mão» - «Ária da Maldição» de «A Flauta Mágica» - Cynthia Sieden, sob a batuta do maestro John Eliot Gardiner.
As Bodas de Fígaro
Concebida com intermezzo para a cena de entrada do 3º acto de «As Bodas de Fígaro, a ópera de Mozart estreada a 1 de Maio de 1786 em Viena, esta curta peça, celebrada por Cecília Bartoli, ganha novos contornos quando Suzana anuncia um moto di gioia: «...Um impulso de alegria sinto no peito que anuncia deleite no meio do temor. Esperemos que em contentamento acabe o tormento, nem sempre é tirano o destino do amor...». Cecília Bartoli em estado de graça, servida pelos músicos de Viena sob a batuta de Nikolau Harnoncourt.