Manuel Alegre e José Carlos de Vasconcelos reagem com tristeza à morte do jornalista e escritor José Abelaira, um homem que marcou uma geração, «íntegro», «lúcido» e «inteligente», que «nunca se pôs em bicos dos pés».
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Manuel Alegre, amigo do escritor hoje falecido Augusto Abelaira, está triste com o desaparecimento de um homem, que «marcou muito a minha geração, sobretudo com um livro 'A Cidade das Flores', tínhamos todos 20 anos, a idade dos sonhos e aquele era o livro dos sonhos».
«Éramos nós, o nosso imaginário, a nossa própria utopia, era o amor, era um livro muito bonito. Foi um grande escritor não era um homem da moda, era discreto, de um grande rigor cívico e de pensamento», acrescentou.
Um homem «íntegro», longe de modas
«Nunca se pôs em bicos de pés», realçou ainda Manuel Alegre, que afirma que este é um escritor que «vai ficar», porque o tempo peneira as modas. «Um homem muito inteligente e tinha algo que hoje é cada vez mais raro, integridade».
«Estava sempre do lado certo com um espírito crítico, não dogmático, não sectário», adiantou Manuel Alegre, «tinha o gosto do contraditório», era «um homem de tertúlia». Sem dúvida «uma grande figura da cultura portuguesa, sem retórica».
Abelaria um «exemplo de humanidade
José Carlos de Vasconcelos, director do «Jornal de Letras», trabalhou ao lado de Abelaira. «É um grande exemplo de humanidade, de discrição, de fidelidade aos valores que foram de toda a sua vida», disse à TSF.
O jornalista adiantou ainda que considera a obra do escritor falecido como «uma das mais importantes da literatura do último meio século e que não terá sido tão valorizada porque ao contrário dos outros nunca se pôs em bicos de pés».
«É uma obra de uma grande inteligência, de uma grande lucidez», acrescentou.