O acesso da população global a serviços de saúde reprodutiva melhorou nos últimos dez anos, mas ainda existem graves lacunas por resolver, diz um estudo divulgado hoje pela ONU. Em todo o mundo mais de 600 mil mulheres ainda morrem por ano devido a complicações no parto.
Corpo do artigo
Apesar da maioria dos países terem introduzido na última década medidas para garantir melhorias «na saúde maternal» e se terem registado sinais de «grande progresso», os indicadores disponíveis continuam pessimistas.
O alerta é feito pelos responsáveis do Fundo Populacional das Nações Unidas (UNFPA) que chamam a atenção para as elevadas taxas de mortalidade materna.
A este problema é preciso acrescentar os problemas decorrentes das doenças sexualmente transmissíveis, que afectam especialmente populações pobres e os mais jovens, acrescentam.
Os mesmos peritos estimam que mais de 600 mil mulheres morrem anualmente e mais de 18 milhões ficam feridas ou cronicamente doentes, em virtude de complicações durante o parto, que podiam ter sido prevenidas.
O risco de morte nesta fase é duas vezes maior para jovens entre os 15 e os 19 anos e cinco vezes maior para adolescentes entre os 10 e os 14 anos.
Cerca de 13 por cento das mortes maternais (aproximadamente 18 mil por ano) podem ser directamente atribuídas a problemas resultantes de abortos sem segurança, «quando praticamente todas estas mortes poderiam ser evitadas com sistemas seguros de aborto».
Prevê-se que por ano 1,4 milhões de jovens entre os 15 e os 19 anos efectuem «abortos inseguros» e que mais de 250 milhões de mulheres em todo o mundo continuem sem acesso a sistemas reprodutivos eficientes.
Todos os anos há 14 milhões de jovens com menos de 19 anos que se tornam mães e um terço de mulheres adolescentes relatam que a sua primeira experiência sexual foi «forçada».
Por outro lado, a ONU estima que anualmente ocorram 330 milhões de infecções sexualmente transmitidas, metade das quais entre jovens.
Os dados dos avanços conseguidos nos últimos 10 anos na área médica reprodutiva foram avaliados num estudo publicado hoje pela UNFPA, e divulgado em Genebra, que se inserem numa sondagem global a 179 países sobre os progressos desde a conferência populacional do Cairo, de 1994.