Os administradores hospitalares consideram que o contrato-programa que o Ministério da Saúde vai assinar relativo às listas de espera nas operações de oftalmologia é positivo, mesmo que ainda tenham algumas dúvidas. Já Florindo Esperancinha entende que este programa não vai resolver todos os problemas.
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O presidente da Associação dos Administradores Hospitalares considerou que o contrato-programa que vai ser assinado esta sexta-feira com o Ministério da Saúde relativamente à lista de espera de cirurgias oftalmológica é positivo.
Contudo, Manuel Delgado tem algumas dúvidas sobre como este programa, que vai custar 30 milhões de euros ao Estado, vai funcionar, em particular se os médicos vão manter o «ritmo de trabalho normal que justifique pagar à parte esse trabalho extra».
«Não faria sentido que se produzisse menos na programada e depois estivéssemos todos a trabalhar para ganhar horas extra em função da produção. Temos de equilibrar bem a produção normal e a produção adicional», explicou.
Em declarações à TSF, o líder da Associação dos Administradores Hospitalares quer saber se os «médicos têm um comportamento e uma atitude voluntária perante o programa ou se são obrigados a cumpri-lo».
Manuel Delgado alertou ainda para os riscos deste programa que só consegue resultados à custa de pagamentos de incentivos financeiros aos médicos.
«Se o Hospital de S. João estiver no limite do seu trabalho normal em termos de produção oftalmológica é evidente que faz todo o sentido pagar à parte a componente tradicional», explicou.
Entretanto, o líder da comissão que tratou de propor soluções para estas listas de espera e que tinha proposto a contratação de serviços externos, solução que não foi escolhida pela ministra da Saúde, explicou que este contrato-programa não vai resolver todos os problemas.
«Terá de ser tudo enquadrado numa solução global, não só o programa que irá ser anunciado hoje pela senhora ministra, mas também a própria actividade normal dos serviços», acrescentou Florindo Esperancinha.
Este especialista defendeu ainda que o «Serviço Nacional de Saúde deve sofrer um processo de reestruturação nos modelos que apresentei para poder dar respostas dentro do quadro do SNS».