O advogado de um preso de Guantánamo, em risco de condenação à morte, escreveu ao primeiro-ministro português para confirmar a passagem de voos da CIA em Portugal. A carta deste advogado britânico é revelada, este sábado, pelo semanário SoL. Um apelo que leva a eurodeputada Ana Gomes a insistir que portugal tem de «cooperar» na questão dos voos secretos da CIA.
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O objectivo é provar que o prisioneiro, acusado de conspiração para actos de terrorismo, apenas confessou ligações a al-Qaeda por ter sido submetido a torturas em Marrocos, onde esteve detido antes de alegadamente ter passado por Portugal num voo da CIA a caminho de Guantánamo.
Segundo noticia o semanário Sol, Clive Smith exige ao Governo de Sócrates que foeneça documentos que revelem o total ou parcial conhecimento das autoridades portuguesas sobre o facto de o cidadão etíope que representa - e de outros em situação semelhante - ter passado por jurisdição nacional.
O advogado, que representa mais de 500 prisioneiros de Guantanamo, quer também informações relativas a um voo associado à CIA, que terá transportado cinco agentes secretos para o Porto em Setembro de 2002.
Estes agentes terão vindo de Marrocos pouco depois de terem participado em torturas ao cliente.
Clive Smith esclarece que o ciente não pretende acusar as autoridades portuguesas, embora entenda que foi por elas extraído por não terem accionado os meios legais que poderiam ter evitado a ida para Guantánamo.
O advogado diz ainda estar a lutar contra o tempo, pois o prazo para a salvar a vida do cliente é escasso. Por isso mesmo, deixa um ultimato: uma resposta até ao meio-dia de sexta-feira .
No caso de tal ser impossível, o advogado quer uma indicação de quando será possível dar uma resposta.
Portugal tem de «cooperar», diz Ana Gomes
Entretanto, ouvida pela TSF, a eurodeputada socialista Ana Gomes insistiu que Portugal tem de «cooperar» na questão dos voos secretos da CIA com suspeitos de terrorismo.
«Neste caso em concreto, em que está em causa a vida de um pessoa, de um jornalista etíope, que foi sujeito a terríveis torturas em Marrocos e depois em Guantánamo, espero que o Governo português não continue a enterrar a cabeça na areia e forneça os dados», afirmou.