O membro da Comissão Política e do Secretariado do PCP, Agostinho Lopes, fez esta sexta-feira duras críticas aos governos liderados pelo PSD e PS e acusou Jorge Sampaio e António Guterres de encenarem o papel de «pobres enganados».
Corpo do artigo
No XVII Congresso do PCP, em Almada, Agostinho Lopes afirmou com ironia que algumas personalidades da política portuguesa só agora se questionam como o país chegou à actual situação de «profunda crise».
No mesmo tom irónico, Agostinho Lopes referiu que só recentemente o Presidente da República, Jorge Sampaio, se pronunciou sobre «novas formas de censura encapotada» na comunicação social portuguesa e o actual presidente da Internacional Socialista, António Guterres, aludiu a casos de promiscuidade entre os media e o poder político.
«Encenam a farsa dos pobres enganados», concluiu Agostinho Lopes, dizendo que o actual estado do país «é o resultado da vigência de políticas de direita» ao longo de quase 30 anos.
Depois, Agostinho Lopes responsabilizou os governos liderados pelo PSD e pelo PS por terem «reconstituído os grandes grupos económicos monopolistas».
Grupos esses que, segundo o dirigente comunista, o ex-primeiro-ministro António Guterres terá caracterizado «como elementos racionalizadores da vida económica».
Agostinho Lopes referiu também casos de gritantes contrastes em Portugal, «país que tem os mais baixos salários da Europa, mas que tem as remunerações de administradores entre as mais altas do mundo» e em que o sector da banca «prossegue a sua escalada de domínio» enquanto o Estado lhe «confere benefícios fiscais».
«O caminho que se coloca aos comunistas é difícil», disse, defendendo como alternativa «políticas de ruptura» em relação ao capitalismo.