O primeiro-ministro considera que ainda é cedo para se falar em descida de impostos. José Sócrates defende que o Governo deve, primeiro, aferir o impacto da crise financeira mundial e a evolução da economia portuguesa em 2008.
Corpo do artigo
As declarações de José Sócrates foram proferidas no final da cerimónia de assinatura de contratos de investimento da Galp para a modernização das refinarias de Matosinhos e Sines.
José Sócrates começou por fazer uma breve referência aos seus primeiros meses de exercício de funções governativas e fez questão de frisar que «nada daria maior satisfação a um primeiro-ministro e a um Governo do que baixar os impostos».
«Este Governo pediu mais impostos aos portugueses quando isso era necessário [em 2005], para consolidar as contas públicas. Ao fim destes anos, os esforços que pedimos aos portugueses têm já um resultado. Portugal venceu a crise orçamental», sustentou o chefe do Governo português
No entanto, segundo Sócrates, é «cedo para falar em descida de impostos, porque o Governo ainda não dispõe de todos os elementos».
«O Governo ainda não tem o número do défice orçamental em 2007 - apenas sabe que ficará abaixo dos três por cento -, ainda não sabe qual a execução orçamental destes primeiros meses de 2008, assim como desconhece a evolução da economia portuguesa no primeiro trimestre deste ano. Sem conhecer estes dados seria irresponsável descer impostos», disse, apontando os factores de ordem interna.
A estes factores nacionais José Sócrates juntou ainda um condicionalismo de ordem externa para defender a necessidade de «segurança» e «prudência» face a uma eventual decisão no sentido de descer impostos.
«A crise financeira mundial, que começou nos Estados Unidos, gerou incertezas e diminuiu expectativas. É preciso ter isso tudo em conta. Só tomaremos medidas com segurança, porque não queremos deitar fora o que foi conseguido pelo esforço dos portugueses nos últimos anos», respondeu o primeiro-ministro.
Contudo, de acordo com Sócrates, neste momento, na sequência da consolidação das contas públicas nacionais, a economia portuguesa está «mais bem preparada para responder à crise financeira».