A Alta Autoridade para a Comunicação Social vai ouvir o presidente da PT no âmbito do «caso Marcelo», depois do director do Público ter defendido que a posição daquela empresa no mercado condiciona a imprensa portuguesa.
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Em comunicado, a Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS) anuncia que o presidente da Portugal Telecom (PT), Miguel Horta e Costa, será ouvido no dia 2 de Novembro, terça-feira, às 11:00 horas.
A audição de Miguel Horta e Costa foi decidida depois do director do Público, José Manuel Fernandes, segunda-feira, perante a AACS, ter defendido que a posição da PT no mercado de comunicação social e a influência que o Estado português tem na economia permitem o condicionamento da imprensa pelo poder político.
José Manuel Fernandes qualificou de «anormal» a falta de concorrência à PT na distribuição por cabo e o seu «quase monopólio» na Internet, e criticou o facto da empresa ser «também actor do mercado» de comunicação social. «Isso condiciona a independência» e a «liberdade» da imprensa em Portugal, declarou o director do Público.
Por sua vez, a audição de José Manuel Fernandes também não estava prevista pela AACS, tendo sido decidida, tal como a audição do director do Expresso, José António Saraiva, depois do depoimento do ministro dos Assuntos Parlamentares. Rui Gomes da Silva sugeriu uma cabala entre aqueles dois jornais e Marcelo Rebelo de Sousa contra o Governo.
Depois da saída do comentador da TVI, anunciada a 6 deste mês, dois dias depois de Rui Gomes da Silva o ter acusado de fazer comentários de «ódio ao Governo», a AACS decidiu apenas ouvir o presidente da administração e o director-geral da estação televisiva, Marcelo Rebelo de Sousa e o ministro dos Assuntos Parlamentares.
Em causa, segundo a AACS, estavam eventuais «relações entre o poder político e o poder económico» no chamado «caso Marcelo», e um relatório final sobre o assunto seria tornado público no início da próxima semana.