Foi descoberta uma forma de travar o crescimento das células cancerígenas. Segundo cientistas da Universidade da Califórnia, a descoberta partiu de uma alteração genética localizada numa enzima - a Talomeraze.
Corpo do artigo
Cientistas da Universidade da Califórnia contribuíram para um avanço cientifico na luta contra o cancro, ao conseguirem tirar partido de uma alteração genética localizada numa enzima.
Trata-se da Talomeraze, que barra o caminho à multiplicação das células cancerígenas e desta forma impede o alastramento do cancro.
Neste momento estão a ser realizados testes em cobaias, sobre cancro da mama a da próstata. A investigação está a ser liderada por Elisabeth Blackburn da Universidade da Califórnia, em S. Francisco.
Os cientistas inserem uma pequena mutação genética na Talomeraze, uma enzima muito activa nas células cancerígenas, indispensável para a reconstrução dos cromossomas. Com esta operação, a Talomeraze fica parcialmente activa durante todo o processo de multiplicação das células.
Na mutação foi utilizada a enzima Talomeraze por destruir rapidamente as células cancerígenas, uma modificação injectada no código genético da enzima composta por ácido Ribonucleico. É este ácido que depois se transforma em DNA e que vai dar nova vida aos cromossomas perdidos na multiplicação das células.
Os cientistas norte-americanos da Universidade da Califórnia depararam-se com um efeito inesperado. É que as células resistem a qualquer sinal que lhes diga para se suicidarem. O crescimento diminuiu de tal forma que atingiu um total suicídio das células cancerígenas.
Esta experiência cientifica já foi testada em ratos de laboratório que tinham cancro na mama. Ficou provado que este tipo de cancro diminuiu consideravelmente. Os baixos níveis de ácido Ribonucleico podem agora dar nova esperança ao cancro da próstata.
Os investigadores norte-americanos consideram que as células cancerígenas dos humanos são mais susceptíveis à enzima modificada.
Manuel Sobrinho Simões, presidente do Instituto de Patologia e Imunulogia Molecular do Porto acredita que esta investigação pode representar um passo enfrente. Contudo adverte para alguns problemas que possam surgir.
«Tudo isto tem depois de passar a uma fase de ensaio clínico e esses ensaios clínicos só se justificam se os resultados agora nos ratinhos forem de facto muito bons, porque se não há muitas destas experiências que são promissoras e depois não resolvem o problema, porque o cancro é sempre ou quase sempre multifactorial e nós só estamos a atacar um dos factores», disse Manuel Sobrinho Simões adiantando que «há diferenças de resposta, há diferenças de resposta».