Depois de Sampaio ter vetado a central de comunicação do Governo, Santana Lopes justificou a criação deste organismo com a ideia de que «amor com amor se paga». O primeiro-ministro adiou ainda a decisão de uma eventual coligação para 2006 e reiterou o seu apoio a Cavaco para as presidenciais.
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Santana Lopes usou da ironia para justificar a criação da central de comunicação pelo Executivo que lidera, na terça-feira à noite, no programa «Grande Entrevista» da RTP.
«É tanta a sensibilidade da comunicação social com este Governo que retribuímos o amor com o amor, já os nossos adversários reconheceram que nunca houve um Executivo tão escrutinado desde a orgânica, até aos Açores, até aos olhares feitos na tomada de posse, se os discursos eram lidos ou falados, de tudo se diz», adiantou o primeiro-ministro.
De qualquer forma, o chefe de Governo, que entende que o «clima tenso e denso» que se vive poderá ter influenciado a decisão de Sampaio, diz que a central de comunicação é agora um assunto do passado e que «não vale a pena perder tempo com o que não tem solução».
Na entrevista, Santana queixou-se ainda das pressões de «vários sectores da sociedade e dos partidos da oposição» e do facto de os «não eleitos terem muito mais tempo para falar do que os eleitos», considerando que «as pessoas sabem» que há uma crítica excessiva ao Governo.
Quanto aos órgãos de comunicação social da Portugal Telecom, o primeiro-ministro admite que a participação daquele grupo possa diminuir.
«Admito que uma diminuição da participação da PT, em que não tenha a maioria, seja o mais razoável», acrescentou Santana Lopes, alegando que é preciso evitar «as confusões que têm existido nos últimos tempos».
Primeiro-ministro adia para 2006 decisão sobre coligação
Na entrevista que concedeu à RTP, o primeiro-ministro considerou ainda «normal» que PSD e CDS-PP concorram sozinhos à legislativas de 2006, muito embora tenha adiado uma decisão sobre o assunto para a Primavera desse ano.
«O que seria excepcional seria haver uma coligação pré-eleitoral», indicou Santana, lembrando que este é procedimento utilizado por toda a Europa e que «se calhar» também é a posição de Paulo Portas.
O chefe do Executivo preferiu ainda desvalorizar as críticas feitas à coligação no Congresso de Barcelos, uma vez que após as derrotas nas Europeias e nas regionais dos Açores «era difícil as pessoas dizerem bem».
Santana reiterou ainda a estabilidade da coligação até 2006, bem como a intenção de incluir «um movimento mais amplo que o próprio PPD/PSD» no programa de Governo para a próxima legislatura.
Santana reitera apoio a Cavaco
Sobre as presidenciais, o primeiro-ministro voltou a demonstrar o seu apoio a uma eventual candidatura de Cavaco Silva, muito embora tenha assegurado que o partido não irá pedir ao antigo primeiro-ministro para se candidatar.
Com Cavaco Silva «no primeiro lugar nas sondagens», Santana Lopes esclareceu ainda que não será candidato a Belém, até porque quer continuar no Governo «por mais duas legislaturas».
Santana lança desafio para autárquicas
Santana falou ainda sobre as autárquicas, onde voltou a desafiar antigos «ministros, secretários de Estado ou líderes parlamentares a terem a humildade e disponibilidade para concorrer a uma câmara».
Para o primeiro-ministro, é «natural» que Rui Rio seja o candidato do partido à Câmara do Porto. Quanto a Luís Filipe Menezes, Santana conta com ele para Gaia, muito embora o autarca já tenha anunciado que não será recandidato.
Com esta regra em mente, Carmona Rodrigues parece ser o candidato preferido de Santana para a Câmara de Lisboa, muito embora tenha lembrado que o antigo ministro apenas lidera a autarquia desde Julho.
Sobre uma eventual aprovação do projecto do PCP sobre o aborto, Santana considerou-o «manifestamente inconstitucional», para além de ter dito que «suspender é mexer», o que signfica que um sim à proposta dos comunistas envolveria alterar a lei o que violaria o acordo escrito com o PP.