António Abreu exigiu hoje que não se enviasse mais nenhum soldado português para o Kosovo e chegou a sugerir a demissão do chefe do exército português. As declarações foram feitas depois de mais um soldado italiano, que participou em missões nos Balcãs, ter sido vítima de um cancro.
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António Abreu, candidato do PCP à Presidência da República, exigiu hoje, terça-feira, que não se enviasse mais nenhum soldado português para a região. O anúncio foi feito após a família de mais um soldado italiano, que participou nas missões da NATO nos Balcãs, ter anunciado que o soldado foi vítima mortal de um cancro.
O Conselho Superior Militar Português, órgão de consulta do ministério da Defesa, analisou durante a tarde de hoje a situação dos soldados portugueses que estiveram no Kosovo. O ministro da Defesa irá comunicar ainda hoje as conclusões dessa reunião.
Mas António Abreu antecipou-se às conclusões da reunião afirmando que é necessário «cessar imediatamente a nossa intervenção no Kosovo, particularmente depois dos factos que têm sido revelados sobre os impactos dos bombardeamentos sobre as tropas».
O candidato presidencial foi mais longe nas suas críticas chegando mesmo a exigir a demissão do Chefe das Forças Armadas: «Eu gostaria que, neste momento, enquanto o conselho está reunido, o Chefe do Estado-Maior do Exército (General Martins Barrento) já não estivesse em funções».
O candidato alerta ainda para o facto de as radiações poderem ser perigosas não só para as tropas, mas «também para as populações residentes». Quanto ao contigente português que está preparado para partir dia 08 de Janeiro, António Abreu acha que, dada a situação, devia «parar pura e simplesmente».
Após o regresso dos Balcãs morreram já de cancro seis militares italianos. A família do sexto soldado comunicou hoje que o jovem morreu vítima de leucemia no dia 06 de Novembro e que os primeiros sintomas da doença se manifestaram três meses após o seu regresso da Bósnia.