O clima que se vive em Portugal é «escassamente propício à jubilação colectiva», lê-se no texto de apelo à participação no desfile do 25 de Abril, assinado por vários socialistas. A Associação 25 de Abril já recusou especulações à volta do documento.
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Várias figuras do PS assinaram um manifesto que faz uma análise crítica da situação do país, notando que os problemas estruturais de que Portugal continua a padecer levam a que as comemorações do 25 de Abril ocorram num clima pouco desanuviado.
O documento, no qual se apela à participação dos portugueses nas comemorações dos 34 anos da Revolução dos Cravos, é assinado por notáveis do PS, como António Costa, Alberto Martins, Mário Soares, Manuel Alegre, Ferro Rodrigues e o ministro Vieira da Silva.
Em declarações à TSF, o presidente da Associação 25 de Abril disse que o PS tem representantes na comissão promotora das comemorações do 25 de Abril, pelo que não há motivos para especulação em torno do documento.
«Está-se a fazer uma especulação à volta do apelo que não consigo perceber, porque isto é um texto feito todos os anos e é elaborado em discussão por uma série de entidades que constituem a comissão promotora», entre as quais o PS, frisou.
Vasco Lourenço adiantou que o PS, através dos seus representantes, «participou na discussão do apelo», sugerindo alterações ao projecto inicial, que «depois de uma discussão aberta foi aprovado por todos».
O texto aponta factores externos e internos para que as comemorações da Revolução dos Cravos aconteçam num clima pouco desanuviado e «escassamente propicio à jubilação colectiva».
O apelo destaca, a nível externo, as incertezas da conjuntura económica, e no plano interno os problemas estruturais que afectam o país.
Para os signatários do documento, os 34 anos de democracia deveriam proporcionar um encarar do futuro com serenidade, algo que não predomina nos espíritos da maior parte dos cidadãos.
Apesar das críticas à situação interna, o presidente da Associação 25 de Abril recusou que o documento seja interpretado como uma crítica de algunas socialistas ao Executivo de José Sócrates.
«Quando se fazem afirmações que o próprio Governo assume como uma crítica ao Executivo é querer ver aquilo que não acontece», frisou o Capitão de Abril, destacando que o documento em causa faz uma «análise global e não conjuntural».