Os delegados na cimeira do 60º aniversário da ONU aprovaram um documento pouco ambicioso regerente a vários assuntos, incluindo a modernização da organização. A questão da não proliferação nuclear nem sequer mereceu referência no documento.
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Os participantes na cimeira do 60º aniversário da ONU aprovaram por aclamação um documento final menos ambicioso do que o esperado relativamente à modernização da organização e ao esforço mundial para o desenvolvimento.
O documento final de 35 páginas fica abaixo do documento inicial do secretário-geral da ONU, contudo, muitos Estados entendem que este foi o melhor compromisso que poderia ter sido alcançado.
Kofi Annan criticou o facto de não se ter alcançado qualquer acordo na questão da não proliferação nuclear, assunto que nem sequer merece referência no documento aprovado na sexta-feira à noite em Nova Iorque.
«A perspectiva de uma nova utilização de armas de destruição maciça é terrível. O nosso falhanço em tentar acabar com a ameaça destas armas deixa-nos com uma tarefa crucial para completar no futuro», afirmou o primeiro-ministro sueco Goran Persson, co-presidente da cimeira.
Apesar do falhanço na questão do nuclear, os 191 Estados chegaram a acordo na intenção de proteger população caso um Estado se revele «manifestamente incapaz» em casos de genocídio, crimes de guerra ou contra a humanidade, bem como em casos de limpeza étnica.
Dos 170 delegados, entre os quais estiveram 150 chefes de Estado e de Governo, a Venezuela foi a única que fez soar a sua voz discordante sobre o documento, numa longa declaração do seu ministro dos Negócios Estrangeiros.
Ali Rodriguez assinalou o facto de o documento ter sido discutido durante três semanas antes da cimeira no seio de um comité restrito de 30 países, procedimento que classificou como não democrático.
O responsável máximo pela diplomacia venezuelana disse que este documento tinha sido «concebido na escuridão e trazido aqui para ser adoptado com uma violação dos mais elementares procedimentos democráticos».
Antes, o presidente venezuelano tinha acusado os EUA de terem um plano para invadirem a Venezuela, alegadamente designado de «plano Balboa».
Numa entrevista à televisão ABC, Hugo Chavez confirmou estar na posse de documentos relativos a esse plano, onde estriam o número de bombardeiros a usar, bem como o número de barcos.
Para Chavez, desde a chegada de George W. Bush ao poder, a «Venezuela tem sido submetida a uma agressão permanente» não só dirigida contra o país, mas também contra o próprio presidente.
Na quinta-feira, Hugo Chavez, no decurso de uma conferência de imprensa nas Nações Unidas, tinha acusado os EUA de serem um «Estado terrorista».
Os norte-americanos já responderam a esta acusação, através do porta-voz do Departamento de Estado, que indicou que as palavras de Chavez eram «retórica incongruente».
Adam Ereli disse que os EUA gostariam de «cooperar de forma produtiva e últil com a Venezuela».