O novo livro de José Saramago, «As intermitências da morte», já está à venda, mas só no Brasil. Esta obra que narra os conflitos de uma sociedade sem morte será lançada para a próxima semana em Portugal.
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É o 23º romance de José Saramago. «As intermitências da morte» conta a história de um país onde as pessoas param de morrer.
Cansada de ser odiada pela humanidade, a morte decide abandonar o seu ofício e o que no começo era motivo de comemoração, transforma-se num grande problema para a sociedade.
A apresentação do livro «As intermitencias da morte», realizada em estreia mundial na cidade de São Paulo, contou a presença dos actores Dan Stulbach e Leona Cavalli que fizeram uma leitura dramática de um trecho do novo romance.
O violoncelista Johannes Gramsch apresentou composições de Sebastian Bach. A obra do compositor alemão (1685-1750), nomeadamente a "Suite Número 6" é citada por José Saramago.
«Se algum talento tenho é de tornar o improvável provável e o impossível possível. Mesmo que isso possa não acontecer, pelo menos enquanto o romance estiver a ser escrito e lido acontece», afirmou o escritor.
«No dia seguinte ninguém morreu», é desta forma que começa a nova obra do Nobel da Literatura português.
A ausência de mortes de um dia para o outro, sonho milenar da humanidade, converte-se numa dor de cabeça para governantes e cidadãos.
«O ser humano alimentou sempre a esperança de conseguir a imortalidade, mas sem a Morte a Vida seria um caos», acrescentou Saramago.
Com quase 83 anos, o escritor adiantou que ele próprio se sente um pouco na eternidade, mas «felizmente em boas condições».
«Quando nasci a esperança de vida na minha aldeia era de 35 anos e dentro de três semanas faço 83 anos, por isso já me sinto um bocado a entrar na eternidade», gracejou.
O romance, que se segue ao «Ensaio sobre a Lucidez», lançado em 2004, só na próxima semana chega às livrarias de Portugal, Espanha e América Latina.