Os assassinos confessos da missíonária e activista Dorothy Stang foram condenados a 27 e a 17 anos de prisão por um tribunal de Belém, no Pará. O julgamento é visto como um teste para justiça brasileira.
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A justiça brasileira condenou, no sábado, em Belém, os dois assassinos confessos da missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang, morta a 12 de Fevereiro, na região de Anapu, no estado do Pará.
A missionária de 73 anos actuava há 30 anos no Brasil na organização de trabalhadores rurais e na defesa do meio ambiente, actividades que iam contra os fazendeiros da região.
Rayfran das Neves Sales, que disse estar arrependido do crime e que disparou seis tiros contra Dorothy Stang foi condenado a 27 anos de prisão, ao passo que o seu cúmplice Clodoaldo Carlos Batista foi condenado a 17 anos de prisão.
Durante o julgamento que começou na sexta-feira, a procuradoria afirmou que a morte da missionária foi encomendada por 50 mil reais, o equivalente a 19 mil euros, tendo defendido a tese de que foi formado um consórcio de fazendeiros na região que planeou e financiou o crime.
O julgamento de outros três acusados de estarem envolvidos no crime ainda não foi marcado.
A ONU e o governo federal brasileiro já se congratularam com a condenação que esperam ser um primeiro passo para acabar com a impunidade na região da Amazónia, ao passo que muitos vêem este julgamento como teste para ver se o Brasil começará a combater a sério os proprietários locais acusados de patrocinarem este tipo de mortes.
Nos últimos 30 anos, 772 activistas foram mortos no Estado do Pará, que tem uma área de floresta duas vezes maior que a França, ao passo que apenas nove assassínios receberam condenação.