Os investidores não sabem o que fazer com o ciberespaço. Conscientes das potencialidades do meio, falta-lhes um instrumento essencial chamado medições de audiência. As audimetrias na internet estão a arrancar em Portugal.
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Desde o nascimento de um espaço virtual mágico que encerra um universo de informação à distância de um clique a que chamam internet, o ciberespaço anda de mãos dadas com a economia. E porque o investimento em meios de comunicação passa cada vez mais por uma «ditadura» escondida atrás do inofensivo nome de audiências, é urgente criar as audimetrias na internet.
Consciente deste fenómeno, os responsáveis de diversas empresas de medição de audiências e estudos de mercado sediadas em Portugal estão a apostar no novo meio e embarcar na tarefa de fornecer aos investidores os números do sucesso de várias páginas da internet.
«A audimetria na Internet tem uma importância vital uma vez que audiência significa tráfego e tráfego significa dinheiro», disse à Lusa o director de marketing da AC NielseneRatings.com, Marcelo Leite.
Esta empresa está a entrar agora no mercado nacional, estando prevista para o início de 2001 a apresentação dos primeiros resultados de um processo de medição de audiências na Internet que não só contabiliza os sites e portais mais visitados como também regista o comportamento dentro deles.
O «Big Brother» do ciberespaço
Nos meios de comunicação tradicionais é conhecido a forma de medição das audiências, mas a questão agora é como contabilizar os números do mundo virtual da internet. Os resultados são fornecidos através de painéis constituídos por indivíduos representativos do universo online, explicou Marcelo Leite.
O procedimento é simples e semelhante ao utilizado para as televisões. Com a escolha aleatória entre todos os números de telefone do país chega-se a uma lista de pessoas que são contactadas e requisitadas para fazer parte do painel representativo do universo dos internautas. «Se aceitarem, o software necessário é enviado num CD-Rom ou disquete que depois terão de instalar», acrescentou o director de marketing da Nielsen .
Cada vez que se acede à Internet aparece uma janela em que o utilizador digita a sua identificação, uma forma de resolver a questão de um computador ser muitas vezes utilizado por mais que uma pessoa, explicou Marcelo Leite.
Os dados são enviados em tempo real para o servidor da empresa, permitindo traçar tendências como o número de páginas vistas, o tempo por página ou o percurso efectuado até chegar determinado portal.
A concorrência nas audimetrias na internet
A técnica é similar à que a empresa de estudos de audiência Marktest está a desenvolver, perspectivando a constituição do painel piloto para Outubro e os primeiros resultados para Janeiro de 2001.
O software desenvolvido pela Marktest, em fase de teste com 40 utilizadores, será instalado nos computadores dos cibernautas que deverão ser representativos da população online portuguesa.
«O objectivo é que o número de participantes no processo de audiometria se situe entre os 2.000 e os 2.500», adiantou António Fernandes, referindo que serão constituídos painéis de acesso doméstico e no local de trabalho, à semelhança do que pretende fazer a Nielsen.
O Bareme Internet (sobre a notoriedade de sites e portais entre a população portuguesa) permite caracterizar o panorama cibernético em Portugal, fornecendo elementos como os conteúdos preferidos na Internet, os equipamentos escolhidos ou o tipo de ligações mais utilizadas.
Segundo dados relativos ao primeiro trimestre de 2000, obtidos pela Marktest, a Internet continua a ser uma realidade distante de quase três quartos dos portugueses. Para estudar o comportamento dos restantes 25 por cento, as empresas estão a apostar em técnicas de audimetria que permitam apurar quais poderão ser as tendências no admirável mundo novo.