Bagão Félix diz que há manipulação nos números do desemprego por causa da disparidade entre os números do INE e do IEFP. Nas jornadas parlamentares do PSD, este ex-ministro das Finanças criticou o recente aumento das pensões, «o menor registado na democracia».
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Bagão Félix entende que existe manipulação nos números do desemprego, isto atendendo às disparidades nos números apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Nas jornadas parlamentares do PSD, este antigo ministro das Finanças alertou aos deputados sociais-democratas para «verem o que se passa no IEFP em termos de limpeza de ficheiros».
O ex-ministro, um independente próximo do CDS-PP, aludiu ainda a «habilidades como o programa Novas Oportunidades e outras coisas que transformam psuedo-desempregados em pseudo-empregados».
Na opinião de Bagão, estas situações tornam «cada vez maior» a disparidade entre os números dos dois institutos, o que faz que actualmente os números do INE sejam mais dos que os do IEFP, quando antigamente sucedia o contrário.
Bagão Félix criticou também o baixo aumento das pensões, que classificou mesmo de o «menor registado na democracia, apesar do superavit [da Segurança Social]», erro que o ex-titular da pasta das Finanças diz ser de «grande insensibilidade social».
«Com o crescimento do PIB até dois por cento, o melhor que pode acontecer é manter-se o poder de compra. Significa dizer: contentem-se com manter ou diminuir ligeiramente o poder de compra porque as vossas pensões são razoáveis. Isso não faz qualquer sentido», explicou.
Questionado pelos parlamentares do PSD sobre a comissão presidida por Vítor Constâncio que analisou o défice deixado pelo governo do qual Bagão Félix foi ministro, o ex-ministro disse que «um dia escrever-se-á história».
Bagão Félix comparou esta situação com a actual actuação do Banco de Portugal «relativamente à Estradas de Portugal», ao considerar que o défice desta empresa «deixará de aparecer nas contas».
«Estamos numa situação em que qualquer dia o Estado sai do Orçamento de Estado para uma grande inverdade ao nível orçamental», explicou Bagão Félix.
Este ex-ministro questionou-se ainda sobre «como é possível consignar uma receita fiscal - é desde logo inconstitucional - a uma empresa que amanhã será de direito privado».