Uma investigadora do Laboratório Nacional de Engenharia Civil considera que as barragens e diques não garantem protecção total em caso de cheias, «ao contrário do pensa grande parte da população», afirmou Delta Sousa e Silva.
Corpo do artigo
A especialista do Laboratório (LNEC) explica que «as barragens, ou também os diques, não conferem protecção total contra o risco de cheia e geram na população a ilusão de que a barragem é a mãe de todas as seguranças».
Delta Sousa e Silva participou num colóquio sobre «Territórios de Risco» e sublinha que «esta ilusão leva a situações perversas. Passa a haver menor pré-disposição dos governos para adoptar medidas de mitigação adicionais».
A posição da responsável do LNEC foi corroborada por Rui Rodrigues, do departamento de Recursos Hídricos do Instituto da Água, que disse à Lusa que qualquer dique ou barragem só é funcional até um determinado valor, «mas se houver uma ruína destas obras, os problemas são ampliados, porque as populações estão habituadas a ter menos cheias», pelo que se pode criar uma falsa sensação de segurança.
Rui Rodrigues explicou ainda a União Europeia tem em estudo a criação de um fundo que permita intervenções em locais com riscos de cheias e que as seguradoras também estão alertadas para a necessidade de terem critérios mais rigorosos na avaliação dos riscos de cheias.