O Bloco de Esquerda apelou, esta terça-feira, à mobilização dos trabalhadores, alegando que, durante a presidência portuguesa da União Europeia, em 2007, poderá estar em preparação a aprovação de um modelo de liberalização dos despedimentos.
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De acordo com Francisco Louçã, «os contornos da presidência portuguesa da União Europeia começam a estar definidos: haverá uma cimeira extraordinária sobre política social, que visa instituir um modelo da 'flexigurança', que significa despedimentos sem limites e liberalização dos horários de trabalho».
As declarações de Louçã foram proferidas no final de uma audiência com o primeiro-ministro, José Sócrates, sobre a próxima cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia, quinta e sexta-feira em Bruxelas.
Em relação ao modelo das "flexigurança", inspirado no sistema dinamarquês, o coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda disse representar «uma séria ameaça para o emprego, para a justiça social, para a economia e a para a decência».
«Uma Europa que assim pensa não conhece a Europa», acrescentou, antes de pelar «a mobilização dos trabalhadores, dos seus sindicatos e dos mais variados sectores sociais» contra a existência de um modelo de liberalização dos despedimentos.
«Quem aplaude este modelo, é quem mais quer dominar os mais fracos, quem mais vontade tem de despedir sem restrições. O patronato está a esfregar as mãos», apontou o deputado do Bloco de Esquerda.
Louçã disse ainda duvidar que o modelo da 'flexigurança' esteja a ter bons resultados na Dinamarca - «país com um forte modelo de protecção social» - e recusou que a sua aplicação em Portugal possa alguma vez contribuir para o aumento do emprego.