O Bloco de Esquerda considera que a OPA da Sonaecom sobre a PT é prejudicial aos consumidores e aos trabalhadores e quer saber se o Governo aceita o «despedimento de 3000» funcionários da Portugal Telecom.
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Numa reacção ao anúncio, quarta-feira, de que a Autoridade da Concorrência autorizou a Operação Pública de Aquisição (OPA) da Sonaecom sobre a PT, o Bloco de Esquerda, que já se tinha manifestado contra a iniciativa, salientou que cabe agora ao Governo a última palavra sobre o assunto.
«O Bloco de Esquerda quer saber se o Governo aceita estas condições [da Sonaecom] que implicam um fortíssimo monopólio das comunicações e também de aceita o despedimento anunciado por Belmiro de Azevedo de três mil trabalhadores», sublinha Francisco Louçã.
«A decisão passa directamente por José Sócrates. É do primeiro-ministro que depende entregar ou não a PT à Sonae e já se tornou evidente que o silêncio é assentimento», criticou o BE, em comunicado.
No comunicado, o partido pergunta ainda ao Governo «como é que justifica que, se se concretizar a OPA, o fisco deixe de receber cerca de 2.500 milhões de euros de IRC devidos pela Sonae durante os próximos anos».
Para o Bloco de Esquerda, a operação é «prejudicial» para os consumidores porque «cria um monopólio com mais de 60 por cento do mercado das telecomunicações, entregue à gestão da empresa mais fracassada neste mercado, a Optimus».
Na opinião do BE, a OPA é ainda prejudicial para o serviço público «porque deixa de haver controlo público sobre um sector estratégico decisivo» e para os trabalhadores porque «ameaça o seu emprego».
Além dessas «desvantagens fundamentais» da operação, o BE considera que a OPA «torna-se um negócio cada vez mais estranho», já que «a Sonae quer comprar uma empresa abaixo da sua cotação de mercado oferecendo 9,5 euros por acções que vale hoje 9,65 euros» e por a Sonae «poder ficar em posição de determinar as condições da entrada do novo terceiro operador».