Os bombeiros querem mudar quase tudo para não serem acusados de incompetência. Mais de 700 voluntários estão reunidos em Santarém num congresso extraordinário. Os profissionais alertam: não estão preparados para eventos como o Euro 2004.
Corpo do artigo
Os bombeiros chegaram a ameaçar não combater mais fogos depois de terem sido chamados de incompetentes, mas esta ameaça parece afastada. Reunidos em congresso, os bombeiros voluntários apostam em mudanças profundas.
Duarte Caldeira, presidente da Liga dos Bombeiros Portuguesesa alerta: «estamos confrontados com a constatação que está esgotado o modelo de financiamento do sistema de protecção e socorro em Portugal, em especial dos corpos de bombeiros. Achamos indispensável que sejam reequacionadas novas fontes de receitas para financiar as actividades dos corpos de bombeiros e dos bombeiros enquanto principais agentes do sistema de protecção e socorro, e para o efeito entendemos indispensável a existência de um pacto de cooperação assinado pela Liga dos Bombeiros Portugueses, pelo Governo e pela Associação Nacional de Municípios Portugueses».
Este pacto deveria regular «claramente as competências de cada uma das entidades no que se refere à aquisição de veículos e equipamentos, à modernização do sector, à aquisição de recursos humanos permanentes, à construção e ampliação de instalações», disse Duarte Caldeira.
Também os bombeiros profissionais vão avançar com um congresso extraordinário. Já alertaram não estar preparados para enfrentar uma organização como o Euro 2004.
Fernando Curto diz que tem tentado chegar à fala com a tutela, mas a última conversa foi há muito tempo: «nós dizíamos há dois anos que era preciso arrepiar caminho, já passaram dois anos. Os bombeiros neste momento estão numa situação que qualquer serviço, qualquer situação que seja para levar a efeito, os bombeiros fá-la-ão, agora o que os bombeiros pretendem é ser devidamente treinados» diz dando o exemplo de controlo de multidão, de reacções, até pela diversidade de culturas que é esperada no evento desportivo.
«Não houve uma formação mínima no âmbito dos bombeiros para que pudéssemos estar preparados, quer em termos de chefias, quer em termos de intervenção em situações que nós temos receio que corram menos bem», disse à TSF.