Campos e Cunha considera que a baixa do IVA foi um erro e que será impossível cumprir a execução orçamental de 2008 e 2009, em particular com um menor crescimento. No programa Discurso Directo, o ex-ministro das Finanças criticou ainda o Código do Trabalho.
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Luís Campos e Cunha não acredita que seja possível cumprir a execução orçamental de 2008 e 2009, com uma conjuntura em que se baixa o IVA e se tem um crescimento menor.
No programa Discurso Directo, o ex-ministro das Finanças socialista considerou que o timing escolhido pelo Governo para baixar o IVA foi não só «errado», como também «baralha a mensagem coerente de que era necessário pôr as contas públicas em ordem».
Nesta entrevista concedida à TSF e ao Diário de Notícias, Campos e Cunha criticou ainda o Código do Trabalho que está em preparação, considerando que esta legislação não vai alterar a situação actual.
Sobre a flexigurança, este antigo ministro defendeu uma maior flexibilização dos despedimentos a par de um aumento das indemnizações a pagar aos trabalhadores, em vez de os tentar evitar através da burocracia.
«Seria uma forma de as empresas refrearem a utilização desses instrumentos, mas em caso de necessidade a empresa podia utilizá-la, mas com indemnizações significativas. Isso é preferível do que pôr uma montanha de burocracia em cima, porque não ganha o trabalhador nem a empresa», explicou.
Recordando-se de um quadro que teve no seu gabinete quando foi vice-governador do Banco de Portugal, Campos e Cunha confirmou que levou uma «facada nas costas» de Manuela Ferreira Leite.
Contudo, quando foi questionado se também tinha levado uma facada nas costas do actual primeiro-ministro de quem foi ministro das Finanças por quatro meses, Campos e cunha recusou-se a falar de José Sócrates.