Portugal tem o haxixe mais barato da União Europeia e a cannabis continua a ser a droga ilícita mais consumida na União Europeia, Bulgária, Roménia e Noruega, seguida da cocaína. Portugal é o país com mais consumidores de drogas injectáveis infectados com VIH e SIDA.
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Este cenário é traçado no último Relatório Anual (2006) sobre o Fenómeno da Droga na Europa, Noruega, Bulgária, Roménia e Turquia, hoje divulgado em Bruxelas e que contém dados relativos a 2004.
O Relatório Anual sobre a evolução das drogas na Europa, que coloca novamente Portugal no topo da prevalência de VIH e SIDA entre os consumidores de drogas injectáveis.
Nos dados de 2004 abordados no relatório do OEDT, Portugal continua como o país da União Europeia com maior prevalência de VIH (Vírus de Imunodeficiência Humana) e de SIDA (Síndroma de Imunodefeciência Adquirida) entre os Consumidores de Drogas Injectáveis (CDI).
20% da população da UE experimentou cannabis
Segundo o documento, na UE, Bulgária, Roménia e Noruega, entre a população adulta (15-64 anos) estima-se que 65 milhões (20 % da população adulta) tenham experimentado cannabis pelo menos uma vez (consumo ao longo da vida), que 22,5 milhões (7%) tenham consumido no último ano (consumo recente), 12 milhões (4%) tenham consumido no último mês (consumo actual) e três milhões (1%) a utilizem todos os dias/quase todos os dias (consumo intensivo).
Quanto à cocaína, o OEDT estima que na UE, Bulgária, Roménia e Noruega
10 milhões de adultos (mais de 3% da população adulta) tenham experimentado cocaína pelo menos uma vez, 3,5 milhões (1%) tenham consumido no último ano e 1,5 milhões (0,5%) no último mês (consumo actual).
A heroína continua ser considerada a droga mais problemática. As estimativas sugerem que existem actualmente cerca de 1,7 milhões de consumidores problemáticos dependentes de heroína na UE.
A heroína consumida na Europa é principalmente produzida no Afeganistão, que continua a ser o principal produtor (89%) e fornecedor mundial de ópio ilegal.
Segundo dados do UNODC, em 2005, das 59,2 toneladas de heroína apreendidas a nível mundial, metade foi apreendida na Ásia e 40 por cento na Europa.
A percentagem das apreensões na Europa está a aumentar, em larga medida devido a um acréscimo nos países do Sudeste Europeu, nomeadamente na Turquia, refere o OEDT.
Opiáceos responsáveis por 60% das toxicodependências
Do total de pedidos de tratamento da toxicodependência comunicados em 2004, os opiáceos foram registados como a droga principal em cerca de 60 por cento dos casos.
Segundo os últimos dados disponíveis (2003), estima-se que mais de meio milhão de consumidores de opiáceos recebe tratamento de substituição na Europa.
A metadona é a substância mais prescrita na Europa para o tratamento da dependência de opiáceos (sobretudo heroína) - cerca de 80% dos consumidores em tratamento de substituição são tratados com metadona. Os restantes 20% recebem actualmente buprenorfina, uma opção farmacológica cada vez mais popular desde meados dos anos 90.
Segundo os dados mais recentes, registam-se anualmente quase 7000 mortes relacionadas com o consumo de drogas e em 70% dos casos é detectada a presença de opiáceos.
No que se refere às anfetaminas, entre 0,1 e 6% da população adulta, consoante o país inquirido, refere já ter consumido.
Nos países da amostra, o OEDT admite que 10 milhões de adultos (3% da população adulta) tenham experimentado anfetaminas pelo menos uma vez, dois milhões (0,6%) tenham consumido no último ano e 900.000 (0,3%) no último mês.
Na UE, Bulgária, Roménia e Noruega, entre a população adulta (15-64 anos) estima-se que entre 0,2% e 7%, consoante o país inquirido, já tenham consumido ecstasy.
Oito milhões e meio de adultos (2,6% da população adulta) já experimentaram pelo menos uma vez, três milhões (1%) no último ano e um milhão (0,3%) no último mês.
A prevalência do consumo de LSD (alucinogénios) ao longo da vida na população adulta (15-64 anos) vai dos 0,2% aos 6%, comunicando a maioria dos países taxas de prevalência entre 0,4% e 2%, diz o OEDT.
Cannabis droga mais produzida e traficada no mundo
A cannabis, produzida principalmente em Marrocos, mas também no Paquistão e no Afeganistão, continua a ser a droga ilícita de origem vegetal mais produzida e traficada a nível mundial (calcula-se que a produção anual em 2004 tenha sido de 7.400 toneladas), sendo também a substância que regista o maior número de apreensões a nível da UE - 1.660 toneladas em 2004.
A cannabis é referida como droga principal por cerca de 15% dos utentes que procuram tratamento por consumo de drogas na Europa e por 27% dos utentes que iniciam tratamento pela primeira vez, o que a torna a segunda droga mais referida depois da heroína.
A cocaína é a segunda droga mais traficada a nível mundial a seguir à cannabis. A Colômbia é o maior produtor mundial de coca ilícita, seguida do Peru e da Bolívia, e a produção mundial de cocaína em 2004 foi estimada em 687 toneladas.
Em 2004, o OEDT estima que foram apreendidas 74 toneladas de cocaína na UE.
Anfetaminas e metanfetaminas
A Europa Ocidental e Central continuam a ser áreas importantes de produção e tráfico de anfetaminas, embora não de metanfetaminas, cujos consumo e produção estão, em larga medida, limitados a alguns países. Em 2004 foram apreendidas seis toneladas em todo o Mundo, 97% das quais na Europa.
A nível da UE, o número de apreensões e de quantidades apreendidas de anfetaminas tem vindo a aumentar desde 1999.
No que se refere ao ecstasy, a Europa continua a ser o principal centro de produção desta droga, embora esta tenha alastrado a outras partes do Mundo nos últimos anos, nomeadamente à América do Norte e o Leste e Sudeste Asiático.
Das 8,5 toneladas de ecstasy apreendidas a nível mundial em 2004, metade foi apreendida na Europa Ocidental e Central, 23% na América do Norte e 16% na Oceania.
Em 2004 foram apreendidos 28,3 milhões de comprimidos de ecstasy na UE.