Cavaco Silva apelou, esta quinta-feira, a todos os portugueses para que se empenhem na luta contra a corrupção e na moralização da vida pública. No discurso das comemorações do 5 de Outubro, o chefe de Estado disse que esta é uma tarefa que cabe «em primeira linha» aos políticos.
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Durante a sua intervenção na cerimónia das comemorações dos 96 anos da proclamação da República, Cavaco Silva defendeu que «no combate por uma democracia de melhor qualidade devem ser convocados todos os portugueses, mas que se trata de uma tarefa que compete, em primeira linha, aos titulares de cargos públicos».
Sublinhando que a corrupção «tem um potencial corrosivo para a qualidade da democracia, que não pode ser menosprezado», o Presidente da República dirigiu uma «interpelação» a todos os níveis do Estado, desde o poder central às autarquias locais.
«A transparência da vida pública deve começar precisamente onde o poder do Estado se encontra mais próximo dos cidadãos», afirmou, chamando a atenção para «as especiais responsabilidades» dos autarcas nesta batalha.
Salientando que dentro de quatro anos será comemorado o primeiro centenário da República portuguesa, o Presidente da República defendeu que «os portugueses desejam viver numa democracia melhor».
Cavaco Silva ressalvou que a corrupção «é uma excepção no comportamento» dos agentes políticos portugueses, mas notou que o «comportamento ético» de «alguns daqueles que são chamados a desempenhar cargos de relevo nem sempre tem correspondido ao modelo ideal de civismo republicano».
Na luta contra a corrupção, o Presidente da República responsabilizou também as autoridades policiais e judiciais.
«Existem sinais que nos obrigam a reflectir seriamente sobre se o combate a esse fenómeno tem sido travado de forma eficaz e satisfatória, seja no plano preventivo da instauração de uma cultura de dever e responsabilidade, seja no plano repressivo da perseguição criminal», disse.
Poucos dias antes da posse do novo Procurador-Geral da República e da substituição de Souto Moura - também presente na cerimónia - Cavaco Silva sublinhou que «para que as instâncias de controlo persigam os prevaricadores de uma forma célere e eficaz» é necessário que «a dignidade e credibilidade» do sistema de justiça sejam «reforçadas perante os portugueses».