Cavaco Silva não está de acordo com uma eventual «intervenção pública» do Presidente da República na questão da negociação dos salários da Função Pública. Numa vista à Amadora, o candidato contou com a companhia de Ramalho Eanes.
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Cavaco Silva entende que as negociações salariais da Função Pública não dizem respeito ao Presidente da República e que por isso o Chefe de Estado não deve «interferir publicamente» nelas.
«Não quer dizer que não troque impressões com o primeiro-ministro sobre a política salarial do país», acrescentou o candidato apoiado pelo PSD e CDS-PP após uma visita à Santa Casa da Misericórdia da Amadora.
Durante esta visita, Cavaco de fendeu que a solidariedade deve ser a «palavra-chave da magistratura de Presidente da República», tendo elogiado o papel das Instituições Particulares de Segurança Social.
O candidato presidencial lembrou que o Chefe de Estado deve dar «atenção particular» aos «mais vulneráveis: idosos, deficientes e desempregados» e mostrou-se preocupado com o facto de 16 por cento das crianças em Portugal, segundo a UNICEP; sofrerem de pobreza infantil.
A vista ficou ainda marcada pela presença de Ramalho Eanes, o presidente da comissão de honra da candidatura de Cavaco, que participou pela primeira vez numa acção de campanha do ex-primeiro-ministro.
O antigo Presidente da República classificou de «artificial» a polémica criada à volta da proposta para a criação de uma secretaria de Estado para acompanhar as empresas estrangeiras proposta pelo candidato que apoia.
«Se como cidadão achasse que tinha tido uma boa ideia para ajudar a agilizar o Governo, eu obviamente faria essa sugestão. Fazê-lo corresponde a uma obrigação social, não a fazer é que seria negativo», disse.
Ramalho Eanes lembrou ainda a cooperação «leal» entre ele, enquanto chefe de Estado, e Cavaco, como líder do Executivo, entre 1985 e 1986 e assegurou que tudo fará para assegurar a eleição do candidato apoiado pelo PSD e CDS-PP.
«Farei na campanha o que for necessário, com humildade, para tentar que este propósito seja alcançado, porque entendo que é um propósito meu, mas que convém ao país», concluiu.